O presente trabalho investiga, com foco nos próximos dez anos, os efeitos das mudanças climáticas na agropecuária brasileira e seus reflexos para a segurança nacional. Para seu desenvolvimento, foi realizada revisão bibliográfica recursiva, estudo de dados de cenários de aquecimento, e, para o exame cognitivo, teórico e empírico das questões analisadas, foi utilizada, como marco teórico, a Escola de Copenhague, que propõe a ampliação do conceito de segurança e analisa o processo de securitização de ameaças ao Estado. Os resultados principais indicam que as mudanças climáticas provocam alterações significativas nos ciclos climáticos e hidrológicos, intensificam impactos de eventos extremos, causam perda de biodiversidade, aumentam os riscos de alastramento de vetores, de novos patógenos e de pandemias. No Brasil, embora não se estime impacto devastador em seus sistemas produtivos na próxima década, começarão a ocorrer perdas produtivas e econômicas graduais a partir de 2050 na agropecuária, e haverá maiores dificuldades para garantir a segurança humana. Ante esse cenário, o estudo aponta que o país deva, imediatamente, atuar nos níveis estratégico, operacional e tático para enfrentar os efeitos em curso das mudanças climáticas com adoção de políticas econômicas, agrícolas, ambientais e de segurança alimentar. No setor militar, é urgente que se comece o processo de adaptação das forças armadas para lidar com os desafios de seu emprego crescente em missões de apoio à defesa civil, de transformações organizacionais, de enfrentamento de situações de inundações, catástrofes, surto de vetores, doenças e pandemias para combate aos riscos associados às mudanças climáticas.