Título: Acordo determina cargos no Senado
Autor: Daniel Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 17/02/2005, País, p. A6

Um acordo entre os líderes de partido assegurou ao senador Luiz Otávio (PMDB-PA), que responde a processo no Supremo Tribunal Federal por suspeita de participação em desvio de verbas públicas destinadas à construção de barcas, o cargo de presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Na disputa pelo cargo, ele venceu Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). O PFL manteve as presidências das comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Infra-estrutura, que serão comandadas respectivamente por Antônio Carlos Magalhães (BA) e Heráclito Fortes (PI).

De acordo com o líder do PMDB na Casa, senador Ney Suassuna (PB), Otávio sensibilizou os colegas com sua situação. Ele está há anos lidando com a acusação de corrupção enquanto aguarda o desfecho do processo na Justiça e jamais ocupou um cargo de expressão no Legislativo. Ao assumir a presidência da CAE, Otávio teria oportunidade de melhorar sua imagem, o que é uma necessidade, segundo Suassuna, já que disputará novas eleições em 2006.

Garibaldi só concorrerá de novo em 2010, quando acaba seu mandato, a não ser que renuncie ao posto de senador.

- Otávio é um grande companheiro, que tem apanhado sem dó da imprensa. Ele quer ser julgado o mais rápido possível pelo STF - afirmou Suassuna, confiante em resultado favorável ao colega.

Líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) declarou que a indicação de Otávio é de inteira responsabilidade do PMDB.

Outros senadores consideraram a escolha uma ''saída honrosa'', já que as chances de o Congresso aprovar a indicação de Otávio ao Tribunal de Contas da União (TCU) seriam pequenas. Entre outros motivos, porque o próprio TCU, no início do ano, aceitou a denúncia contra ele, devido a sua suposta participação no desvio de R$ 24 milhões. A decisão sinalizaria que Otávio não é bem-vindo no tribunal.

- O TCU não tem que querer nada - disse Suassuna.

O acordo entre os líderes também definiu o controle das demais comissões do Senado, mantendo um equilíbrio de forças entre os partidos. Além dos cargos mantidos pelo PFL, o PSDB chefiará a novata Comissão de Desenvolvimento Regional, com Tasso Jereissati (CE), e uma Comissão de Agricultura e Reforma Agrária que será criada, com o senador Sérgio Guerra (PE). Segundo Mercadante, o governo não corre risco pelo fato de a oposição presidir comissões tão importantes, que discutirão, por exemplo, a transposição do Rio São Francisco e a dívida dos agricultores, porque tem maioria em ambas.

A bancada do PT indicou o senador Cristovam Buarque (DF) para a Comissão de Relações Exteriores, em manobra para reaproximá-lo do governo. Hélio Costa (PMDB-MG) e Antônio Carlos Valladares (PSB-SE) presidirão, respectivamente, as comissões de Educação e Assuntos Sociais.