Título: Blanca enfrenta desconfianças
Autor: Arêas , Camila
Fonte: Jornal do Brasil, 15/04/2008, Internacional, p. A22

Ela foi considerada a melhor ministra que teve o governo do atual presidente paraguaio, Nicanor Duarte, e a melhor funcionária de Estado que o país viu nos últimos 10 anos. Em todas as pesquisas de opinião e meios de comunicação figurava com alta popularidade. Até candidatar-se à Presidência. Hoje, a menos de uma semana das eleições, a candidata pelo tradicional Partido Colorado, Blanca Ovelar, é a personagem que enfrenta maior resistência na cena política eleitoral.

A aposta foi muito ousada, afirmam analistas. No Paraguai conservador e assumidamente machista que até agora a História conheceu, não há espaço para uma mulher no poder, acreditam. Enquanto o choro da pré-candidata presidencial americana Hillary Clinton lhe garante pontos nas pesquisas, as lágrimas derramadas pela ex-ministra de Educação Blanca, durante um comício, na semana passada, renderam-lhe críticas pela "falta de punho" daquela que pretende ser a primeira mulher presidente do Paraguai. E que promete, em entrevista ao JB, dar início a esta transformação histórica.

Blanca é a candidata do atual presidente, Nicanor Duarte. Por isso, seria "mais do mesmo", simplificam muitos paraguaios, anunciando votar em qualquer candidato "menos na de Nicanor". O manejo de sua campanha pelo atual presidente faz Blanca parecer, aos olhos das feministas, um mau exemplo do gênero, uma "títere do governo". Dos quatro principais postulantes presidenciais, é a candidata com maior imagem negativa. Sua figura aparece escassas vezes na campanha publicitária colorada.

Também pesa contra Blanca o fato de ela não ter surgido da carreira política. A candidata não é uma figura conhecida dentro do Partido Colorado pela participação em atividades internas. Portanto, "não é colorada", concluem os chamados partidários duros, que declararam sem vergonha voto na oposição, apesar de se manterem fiéis à legenda. Blanca nega, na entrevista, que tenha provocado o racha do partido às vésperas das eleições, mas admite que, para ganhar legitimidade, será preciso vencer com ampla margem nas eleições de domingo.