Título: CPI insiste na quebra de sigilo de Okamotto
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 03/03/2006, País, p. A2

A possibilidade de o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, ter mantido contato telefônico com os principais investigados das comissões parlamentares de inquérito em funcionamento reforçou, para integrantes da CPI dos Bingos, a necessidade de prorrogar os trabalhos. Okamotto teria telefonado para o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o publicitário Duda Mendonça. Esse levantamento teria sido feito pelos técnicos da CPI com base nos dados telefônicos de Delúbio, Duda, do ex-deputado José Dirceu e do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira.

Para os parlamentares da CPI, a comissão - cujo prazo terminaria em abril - deveria funcionar até o Supremo Tribunal Federal (STF) reconsiderar uma decisão de impedir os investigadores do Congresso de analisar o sigilo de Okamotto.

O senador Romeu Tuma (PFL-SP) disse concordar com a tese do presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB), de que, enquanto os dados não forem liberados pelo STF, a CPI deve continuar trabalhando.

- Se houver motivo para alguma disputa com o Supremo, que a CPI seja prorrogada. Quando uma força é usada para se opor às investigações, temos que prorrogar a comissão até vencê-la - afirmou Tuma.

A tese desagrada aos petistas. O deputado Maurício Rands (PT-PE), que integra a CPI dos Correios, afirmou que os trabalhos da CPI dos Bingos caíram em descrédito.

- A CPI (dos Bingos) perdeu credibilidade e ficou sendo usada para fazer disputa política - disse o petista.

O presidente do Sebrae, amigo de Lula, disse ter pago em 2004 uma dívida de R$ 29,4 mil do presidente com o PT. Okamotto afirmou à CPI que quitou a dívida em dinheiro por orientação do então tesoureiro do partido Delúbio Soares.

Ele disse ter feito saques em contas em Brasília, São Paulo e São Bernardo do Campo e, em seguida, enviado o dinheiro à direção do PT para pagar o débito, registrado na prestação de contas Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A dívida passou a ser investigada pela CPI por conta de indícios de uso irregular do Fundo Partidário para pagar despesas de Lula.