Título: Aldo culpa Renan pelo recesso
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 04/01/2006, País, p. A3

Sob fogo cerrado há 20 dias pela falta de quórum na Câmara, o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), defendeu-se ontem ao dizer que é cedo para fazer julgamentos e cutucou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que o teria pressionado a aceitar a convocação extraordinária. - Eu fiz a convocação em cima de exigências. Houve quem disse que aqueles que não queriam a convocação extraordinária queriam dar férias para a crise, e isso foi reproduzido em letras garrafais em todos os lugares - disse Aldo, ao retornar a Brasília depois de ficar dez dias em Alagoas.

O presidente da Câmara não citou nominalmente, mas se referia a Renan, que, em 12 de dezembro, disse que ''se o governo pensa no recesso para dar férias à crise, paralisar a investigação, não dar prosseguimento ao julgamento dos acusados, não vai contar comigo''.

Aldo depois tentou suavizar, afirmando que se Renan ''falou, foi mais um a falar''.

Em resposta, a assessoria do presidente do Senado declarou que a data e os detalhes da convocação foram decididos conjuntamente entre ele e Aldo.

O presidente da Câmara disse que não se arrepende de ter estabelecido o dia 15 de dezembro como data inicial da convocação, mesmo sem o plenário funcionando. Mas foi o que desestimulou o comparecimento dos parlamentares, provocando cenas de corredores vazios e um enorme desgaste.

- A convocação extraordinária não termina em 3 de janeiro, ela vai até 15 de fevereiro. O importante é que julguem ao término dos trabalhos - disse.

O líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia jogou a culpa pela falta de quórum no Congresso nos presidentes do Senado e da Câmara.

- Foi um equívoco fazer a convocação extraordinária sem prever votações em plenário. É claro que sem plenário os parlamentares não vão vir ao Congresso. (F.P)