Correio Braziliense, n. 21772, 26/10/2022. Política, p. 5

“Atentado ao Estado brasileiro”

Marcos Braz


O ataque de Roberto Jefferson (PTB) a policiais federais constitui “um atentado à democracia, ao Estado brasileiro”, na avaliação de Marcos Firme dos Reis, presidente da Federação de Policiais Federais (Fenapef). Ele foi o entrevistado pela jornalista Denise Rothenburg na edição de ontem do CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília.

Marcos Reis lembrou que Roberto Jefferson, na condição de preso em domicílio, não deveria estar de posse de qualquer arma. “Não podia nem entrar em redes sociais, como é que poderia ter armas?”, questionou. “É inadmissível que uma pessoa que está em prisão domiciliar tenha aquela quantidade de armamento e também de munições”, alertou.

Ao analisar o caso, o policial federal admite falhas no controle de armamentos no país. “(A fiscalização) deveria ser da Polícia Federal e do Exército, pelas armas de grosso calibre, fuzis e outros mais. Provavelmente, não foi feito”, contou. “A gente verifica ali uma fragilidade na fiscalização dos armamentos no país. Seja por parte nossa, nós temos que admitir isso também”, reconheceu. Ele também pontuou que as normas de liberação de licenças para posse de armas precisam ser revistas.

“Tem que haver realmente uma fiscalização maior nessa concessão e também, posteriormente, a fiscalização das armas nos locais onde elas se encontram. Isso terá que ser enfrentado”, avaliou Reis.

O presidente da Fenapef comentou, ainda, a lei orgânica para a Polícia Federal. “Esperamos, inclusive para o próximo presidente, que se faça essa reestruturação da Polícia Federal. (Que) encaminhe, pelo Executivo, um projeto de lei orgânica no qual coloque as atribuições dos cargos, principalmente dos cargos de agentes, escrivães e papiloscopistas nos moldes de nível superior, na complexidade do cargo e das atividades que eles exercem”, reivindicou.

Essa lacuna legislativa, segundo Reis, desorganiza o trabalho da PF. “Não existem atribuições em lei, ninguém sabe qual é atribuição. Foi assim a questão (do controle) de armas, a questão de fauna, flora. Tudo isso foi colocado ali, e a gente começa a ter essas atribuições. Só que nada disso está em lei”, lamentou. (*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza)