Correio Braziliense, n. 21738, 22/09/2022. Política, p. 2

Apoio de autor de impeachment



Um dos autores do pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2015, o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior desistiu da terceira via e anunciou apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto. O ex-ministro fez críticas ao presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).

“Sem perspectiva de vitória da terceira via, é importante que Lula vença no primeiro turno, para se impedir ação desesperada de Bolsonaro. Decidir por Lula é consequência de saber que, assim, se evitarão ataques à democracia, à dignidade da pessoa humana e ao meio ambiente, que, com certeza, sucederão com maior intensidade em novo mandato de Bolsonaro”, disse o jurista, em mensagem ao Estadão.

Procurada, a deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP), que assinou com Reale o pedido de impeachment de Dilma, afirmou que esse caminho era esperado. “Pela resistência do professor a ingressar no processo de impeachment e pelos pleitos que fez para eu desistir, eu já imaginava que ele fecharia com Lula”, criticou.

O gesto de Reale Júnior, que foi ministro de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), se soma ao de outros quadros ligados ao PSDB, como o ex-ministro dos Direitos Humanos e da Justiça José Gregori, o ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira e o diretor-geral da Fundação FHC, Sergio Fausto.

Os apoios reforçam a estratégia de Lula de impulsionar o voto útil na reta final da campanha. O senador José Serra (PSDB-SP) foi sondado pelo PT para participar do ato com oito ex-presidenciáveis, realizado em São Paulo, mas declinou porque apoia a candidatura de Simone Tebet (MDB).

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), informou que não falou com Reale Júnior sobre o apoio a Lula.

Advogados do Grupo Prerrogativas, que apoiam a candidatura petista, atuaram em conversas com Reale nos bastidores. O grupo tem tido papel essencial na articulação política do ex-presidente. Partiu deles o primeiro jantar em que Lula apareceu ao lado de seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), em dezembro, em São Paulo.

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