Valor Econômico, n. 4955, 10/03/2020. Finanças, p. C5

Pandemias geraram perda de US$ 197,7 bi desde 2001

Sérgio Tauhata


As pandemias geraram perdas econômicas de US$ 197,7 bilhões no mundo entre 2001 e 2016, segundo levantamento global da consultoria de riscos Marsh. No Brasil, a epidemia zika vírus, em 2015, provocada pelo mosquito Aedes Aegypt, gerou um impacto financeiro negativo de US$ 16 bilhões na atividade local.

De acordo com Flavio Castro, superintendente da Marsh Risk Consulting, divisão de consultoria de riscos da Marsh, as pandemias atravessam fronteiras e afetam ativos estratégicos das empresas, como é o caso do coronavírus que teve origem na China e se espalhou pela Europa, Ásia, Estados Unidos, Oriente Médio, África e América Latina.

“Perda da força de trabalho, interrupções operacionais como atrasos nas redes de transporte e cadeias de suprimentos, baixa demanda dos clientes e danos à reputação se a resposta a um surto é vista como ineficaz, são alguns exemplos de impactos nos negócios. Neste momento é imprescindível que as empresas façam uma revisão, testem e atualizem os planos de gerenciamento de riscos adversos seguráveis e não seguráveis”, afirma.

De acordo com a consultoria, mais de 400 doenças infecciosas foram registradas nas últimas duas décadas. Nesse intervalo, houve, por exemplo, o caso de doenças transmitidas por alimentos nos EUA, em 2012, e as perdas financeiras foram da ordem de US$ 78 bilhões. Já no caso do vírus da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que provocou um surto de pneumonia entre 2002 e 2003, os prejuízos alcançaram US$ 56 bilhões.

Casos ainda mais antigos mostram que uma pandemia pode causar grandes estragos à economia global. Em 1957, a gripe asiática causou 1,5 milhão de mortes e significou uma queda de 3 pontos percentuais do PIB nos EUA, Reino Unido, Canadá e Japão, considera a Marsh.

Em 2009, outra gripe suína, a influenza A subtipo H1N1, resultou em 200 mil óbitos. Só na Coreia do Sul, o prejuízo superou US$ 1 bilhão. O estado de pandemia declarado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) durou de abril de 2009 até agosto de 2010.