Valor Econômico, n.
4951, 03/03/2020. Brasil, p. A4
Mandetta recorrerá a
Congresso por verba para epidemia
Rafael Bitencourt
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta disse que pode ter que recorrer,
pela primeira vez, ao colega Paulo Guedes (Economia), para requisitar mais
recursos para a pasta e que intensificará as negociações com o Congresso
para evitar que as novas regras do orçamento impositivo travem a liberação de
verbas para as ações de combate ao coronavírus.
“Numa situação em que
você precisa tomar decisões de gastos em função dos números da ciência, às
vezes você ter os gastos pela ótica política pode não ser a melhor maneira de
usar o Orçamento”, afirmou o ministro ao se referir à necessidade de negociar a
liberação de recursos por meio de emendas parlamentares.
Além de dialogar com os
parlamentares, ele disse que visitará os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
A situação já foi
tratada pelo ministro com os órgãos de controle, como Procurador-Geral da União
(PGR) e Tribunal de Contas da União (TCU).
Ele deve ir também ao
Supremo Tribunal Federal (STF), conforme declaração à imprensa.
A declaração de Mandetta
foi feita no mesmo dia em que o Ministério da Saúde anunciou que os casos
suspeitos de infecção pelo novo coronavírus (covid-19) no Brasil subiram de 252
para 433. Para Mandetta, o aumento expressivo não causou surpresa, pois a
atualização foi feita em relação aos números de sexta-feira. No sábado, um
segundo caso de contaminação foi confirmado em São Paulo.
Até agora, 162 suspeitas
de contaminação foram descartadas após exame laboratorial. O Estado de São
Paulo continua contando com o maior número de casos suspeitos (163). Na
sequência estão Rio Grande do Sul (73), Minas Gerais (48), Rio de Janeiro (42),
Santa Catarina (36), Distrito Federal (12) e Bahia (9).
Ontem, o ministério
informou que começará a descentralizar a realização dos testes de coronavírus
com os pacientes suspeitos. Serão distribuídos 30 mil kits de exame
laboratorial para as secretarias estaduais de saúde, que sairá ao custo
unitário de R$ 100 para o governo federal. Os exames eram realizados somente em
São Paulo.
O momento atual é de
preparar os profissionais das secretarias estaduais de Saúde para fazer os
exames. “Só vamos liberar o uso depois de calibrar os equipamentos e
treinar o pessoal para garantir a qualidade do teste”, disse o ministro.