Valor Econômico, n. 4951, 03/03/2020. Primeira Página, p. A1

Previsão de ação conjunta dos BCs reergue mercados
Gabriel Roca
Marcelle Gutierrez
André Mizutani
Ana Carolina Neira
Assis Moreira


O forte efeito negativo da epidemia do coronavírus sobre a economia mundial levou ontem autoridades de países ricos a prever uma ação coordenada dos bancos centrais para evitar uma crise em escala global. Em decisão que mostra urgência, os ministros de Finanças do G-7 realizarão teleconferência, ainda nesta semana, para coordenar uma resposta à turbulência, que na semana passada causou fortes perdas nos principais mercados.

Na manifestação mais contundente do dia, o ministro de Finanças da França, Bruno Le Maire, anunciou que “haverá ação coordenada”. “O objetivo”, explicou, “é que esse significativo impacto [do coronavírus] no crescimento seja o mais breve possível. ” A declaração espalhou uma onda de otimismo pelas bolsas internacionais.

O índice Dow Jones, da bolsa de Nova York, avançou 5,09%, enquanto o S&P 500 subiu 4,6%. A Nasdaq, bolsa onde predominam ações de empresas de tecnologia, ganhou 4,49%. No Brasil, o Índice Bovespa encerrou o dia em alta de 2,36%.

Em rara declaração, Haruhiko Kuroda, presidente do Banco do Japão, anunciou que a instituição “vai se esforçar para fornecer ampla liquidez e garantir a estabilidade dos mercados por meio de operações apropriadas e compra de ativos”. O Banco da Inglaterra também se manifestou nesse sentido. A OCDE, que reúne as maiores economias do mundo, rebaixou sua projeção para o crescimento global e conclamou os governos a agirem “com força e rapidez”.

Na sexta-feira, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, abriu o caminho para a reação conjunta dos BCs. Ao falar em “riscos [do coronavírus] em evolução”, Powell indicou que o Fed deve reduzir a taxa de juros na reunião do dia 18. No mercado americano, a expectativa de corte de juros de 0,5 ponto percentual, para o intervalo de 1% a 1,25% ao ano, chegou a 100% nos contratos futuros.