Estado de S. Paulo, n. 4949, 28/02/2020. Brasil

Dívida bruta deve subir para 77,9% do PIB este ano
Edna Simão
Mariana Ribeiro
Lu Aiko Otta


O Tesouro Nacional projeta que a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) deve crescer de 75,8% em 2019 para 77,9% do Produto Interno Bruto no fim deste ano. A estimativa desconsidera fatores como pagamentos extras do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Tesouro e venda de reservas internacionais pelo Banco Central (BC). Nesse cenário base, a DBGG cresceria até alcançar 79,4% do PIB em 2023 e, em seguida, entraria em trajetória decrescente, encerrando 2029 em 72,5% do PIB.

No caso da dívida líquida, o Tesouro estima fechar 2020 em 58,4% do PIB ante 55,7% de 2019. A trajetória ascendente seguiria até 2025, quando atingiria 66,4% do PIB. A partir de 2026, o indicador começaria a cair, chegando 64,7% do PIB em 2029.

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse que as projeções do governo para a trajetória da dívida bruta nos próximos anos são mais conservadoras que as do mercado. “Mas ainda vamos ver se o BNDES consegue pagar mais neste ano”, disse. O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves, acrescentou que ainda não é vista uma tendência clara de queda da dívida nos próximos anos e que é preciso separar os fatores estruturais dos pontuais (como as devoluções extras do BNDES).

O cenário base do Tesouro considera taxa Selic em 4,25% ao longo de 2020; convergindo para 6,5% ao longo de 2022; crescimento médio prazo em 2,5% e inflação (IPCA) de 3,5%. Também é prevê déficits primários no curto prazo (LDO) e melhora ao longo do tempo, consistente com o teto de gastos.