Valor Econômico, v. 20, n. 4899, 12/12/2019. Empresas, p. B1
 

Petrobras prevê IPO da Gaspetro no segundo semestre de 2020
Rodrigo Polito 

 

A Petrobras pretende vender sua participação no negócio de distribuição de gás natural no Brasil no segundo semestre de 2020. Segundo o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, o objetivo é realizar a venda por meio de um IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) da Gaspetro, subsidiária da estatal que detém participações em 19 distribuidoras de gás natural do país.

A Petrobras detém 51% da Gaspetro, em parceria com a japonesa Mitsui. Pela operação, via mercado de capitais, a estatal pretende se desfazer de toda a sua fatia na empresa. “Nossa expectativa é que seja possível realizar essa transação no segundo semestre do próximo ano”, afirmou ontem o executivo, em café da manhã com jornalistas, no Rio. “Vamos definitivamente sair do negócio de distribuição de gás natural”, completou ele.

Castello Branco contou que, inicialmente, a Mitsui foi “muito resistente” à ideia da Petrobras de vender sua participação no mercado de capitais. Mas, segundo ele, a japonesa “acabou cedendo”.

De acordo com o executivo, algumas distribuidoras da Gaspetro que são pré-operacionais poderão ser separadas para serem negociadas em outro momento. Isso porque essas empresas não têm valor significativo hoje.

 Em 2018, a Gaspetro registrou receita líquida de R$ 417,7 milhões e lucro de R$ 271,5 milhões, ainda com relação a desinvestimentos, o executivo voltou a defender a venda da participação da estatal na Braskem até o fim do próximo ano. A estratégia havia sido comentada na última semana, em reuniões com investidores em Nova York e Londres.

 Segundo ele, a Petrobras já iniciou as tratativas com a Odebrecht nesse sentido. A estatal possui 36,1% do capital votante e 47% do capital total da petroquímica, enquanto o grupo construtor possui 38,3% do capital votante e 50,1% do capital total.

O plano da Petrobras é converter todas as ações da Braskem em ações ordinárias e encerrar o acordo de acionistas com a Odebrecht. Dessa forma, a petroleira poderá fazer uma chamada de capital (follow on) para vender sua participação na empresa.

Questionado por jornalistas sobre a eventual dificuldade que a Odebrecht poderá criar na negociação com a Petrobras, Castello Branco disse saber que não será fácil negociar com a empresa. “Mas nós também não somos fáceis. Foi-se o tempo em que eles [Odebrecht] mandavam na Petrobras”, completou o executivo.

Com relação às refinarias, Castello Branco confirmou informação antecipada pelo Valor de que a Petrobras espera receber em 6 de março as ofertas vinculantes para o primeiro pacote de refinarias, que incluem a Rlam (BA), Repar (PR), Refap (RS) e Rnest (PE). Segundo ele, na etapa de ofertas não vinculantes, a estatal recebeu cerca de cinco propostas por refinaria. 

O executivo destacou ainda que, na última semana, foram recebidas ofertas não vinculantes para a venda da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais. Ele disse acreditar que a empresa receberá na próxima semana as ofertas não vinculantes para as últimas três refinarias à venda: Lubnor (CE), Reman (AM) e SIX (PR).

Com relação ao Comperj, em Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro, Castello Branco disse que foram encerrados os estudos em parceria com a chinesa CNPC sobre a possibilidade de construção de uma refinaria no local. Ele reafirmou que está prevista a construção de uma unidade de produção de lubrificantes, que funcionará como uma “operação remota da Reduc”, em referência à refinaria de Duque de Caxias, que será conectada ao Comperj por meio de dutos.

A construção da unidade de lubrificantes está inclusa no plano de negócios 2020-2024, anunciado no fim de novembro, e faz parte do orçamento de US$ 6,1 bilhões destinado ao segmento de refino. O investimento total previsto no plano é de US$ 75,7 bilhões para o período.

Castello Branco também comentou sobre a possibilidade de construção de usinas termelétricas na região do Comperj. Esse projeto faz parte de um memorando de entendimentos firmado com a norueguesa Equinor, mas não está incluído no plano.

O diretor de Exploração e Produção (E&P), Carlos Alberto Pereira de Oliveira, disse que a estatal deve fechar 2019 com produção acima de 2,7 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) por dia. Para 2020, a meta será mantida em 2,7 milhões de BOE/dia, com variação de 2,5% para mais ou para menos. Segundo ele, apesar da entrada em operação de novas plataformas, a meta é a mesma devido às paradas programadas principalmente no primeiro semestre.