Valor Econômico, v. 20, n. 4895, 06/12/2019. Especial, p. A15
 

O Brasil visto pelos principais ângulos

 

Os assuntos mais relevantes do cenário nacional foram amplamente debatidos nas seis edições do seminário “E Agora, Brasil?” em 2019. O evento, organizado pelos jornais “O Globo” e Valor, com o patrocínio da Confederação Nacional do Comércio (CNC), reuniu os principais protagonistas do cenário político e econômico do país pelo quarto ano consecutivo. Desde 2016, foram no total 22 edições, reunindo 33 convidados, além de colunistas e editores dos dois jornais, em encontros sediados no Rio, em São Paulo e em Brasília.

O diretor-geral da Editora Globo, Frederic Kachar, fez um balanço dos seminários deste ano, destacando a amplitude de assuntos abordados e a produção de informações relevantes a partir dos encontros, que trouxeram, além do debate de ideias, notícias importantes.

“Chegamos ao final da edição 2019 muito satisfeitos com repercussão do ‘E agora, Brasil?’”, disse. “Primeiro, por termos conseguido abordar temas importantes e atualíssimos com enorme profundidade. De segurança pública e Justiça, caso de hoje [quarta-feira], à reforma da Previdência, em nossa primeira edição em Brasília. Segundo, porque nossos jornalistas souberam conduzir um debate de alto nível com os convidados, a quem aproveito para reiterar meus sinceros agradecimentos por terem aceitado participar, gerando furos e, por vezes, pautando os veículos para os dias subsequentes.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou a reunião de diferentes atores da sociedade para realizar um diagnóstico e, principalmente, apontar caminhos para os problemas nacionais: “O “E Agora, Brasil?” chega ao final de mais um ano cumprindo um papel relevante para o jornalismo e para o país, ao proporcionar a oportunidade de discussão de temas fundamentais. A interação entre autoridades, especialistas, jornalistas e empresários é uma fórmula que nos ajuda a avançar. O apoio da CNC a esse projeto é um apoio ao diálogo, à transparência e à busca de um país melhor”, resumiu Tadros.

Enquanto era tema de uma extensa discussão no Congresso, a reforma da Previdência foi apresentada e destrinchada em duas edições. Na primeira vez em que o seminário foi realizado em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, levaram ao público uma série de argumentos a favor das mudanças no sistema previdenciário. A reforma, posteriormente, foi aprovada no Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.

“As despesas públicas nunca pararam de crescer e criaram um fenômeno constrangedor. O governo gasta demais, e a qualidade dos gastos é péssima. O primeiro grande gasto do Orçamento, que passa de R$ 700 bilhões, é a Previdência, que é uma fábrica de privilégios. O governo, hoje, fabrica desigualdades”, disse Guedes, em abril.

Rodrigo Maia comentou o fato de o governo Bolsonaro ter optado por uma relação mais distante do Congresso: “Quando houve o tal presidencialismo de coalizão, o Legislativo governava junto com o Executivo. Se vamos governar de forma mais distante, eu respeito”. No mês anterior, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, já havia defendido a mudança nas regras de aposentadoria.

Também no campo econômico, os resultados do megaleilão do petróleo e as perspectivas para o setor foram debatidos pelo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Décio Oddone, e pela presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Clarissa Lins. A necessidade de ajustes regulatórios, a possibilidade de geração de empregos e a transformação da indústria do petróleo e gás foram alguns temas tratados no encontro.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), analisou as mudanças em curso nas relações entre as esferas de poder e a dianteira que o Congresso, em sua visão, tem tomado em relação ao andamento das reformas e outros pontos da agenda pública.

“As decisões viraram praticamente parlamentaristas. Porque, se o Parlamento for contrário a uma posição, a uma manifestação do Executivo, vai acontecer a vontade do Parlamento”, resumiu Alcolumbre, em setembro.

A Educação foi tema de um encontro em junho, com a participação do educador Mozart Ramos, diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna, e do pesquisador alemão Andreas Schleicher, presidente do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa).