Valor Econômico, v. 20, n. 4845 26/09/2019. Política, p. A12
 

CNI-Ibope mostra queda na popularidade e aprovação
 Andrea Jubé
 Fabio Murakawa 

 

A pesquisa Ibope divulgada ontem confirmou a tendência de queda da popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que encolheu quatro pontos percentuais nos últimos cinco meses. O presidente perdeu 16 pontos na Região Sul, principal reduto de seus apoiadores, em apenas três meses. Na esteira da crise provocada pelas queimadas na Amazônia, aumentou a desaprovação da população às políticas ambientais do governo.

A sondagem contratada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) não captou a percepção da população sobre o discurso presidencial proferido nesta segunda-feira na Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU). O Ibope ouviu 2 mil pessoas em 126 municípios entre os dias 19 e 22 de setembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.

Segundo o levantamento, a avaliação positiva do governo oscilou negativamente para 31% no terceiro trimestre do ano. No levantamento divulgado em junho, esse índice foi de 32%, levando-se em conta os entrevistados que afirmaram considerar o governo ótimo ou bom. Em abril, esse percentual era de 35%.

A avaliação negativa, por sua vez, oscilou de 32% para 34% no período de junho a setembro, ante 27% em abril. O índice é relativo àqueles que consideram o governo ruim ou péssimo. A avaliação regular ficou estável em 32% nos meses de junho e setembro, ante 31% em abril.

Ao todo, 50% dos brasileiros não aprovam a maneira de Bolsonaro governar, ante 48% em junho. Em abril, o índice era de 40%. Já os que aprovam o presidente oscilaram negativamente de 46% para 44% entre junho e setembro. Em abril, eram 51%. Ao todo, 6% não quiseram responder.

Já a confiança no presidente oscilou dentro do limite da margem de erro, de 46% para 42% entre junho e setembro, ante 51% em abril. Da mesma forma, houve oscilação positiva, no limite da margem de erro, entre aqueles que disseram não confiar em Bolsonaro: o índice subiu de 51% para 55% entre junho e setembro. Em abril, eram 45%.

Chama a atenção o derretimento da popularidade presidencial na Região Sul: o percentual dos que consideram o governo como ótimo ou bom entre os moradores dessa região caiu de 52% para 36% de junho para setembro, enquanto o índice dos que avaliam a gestão como ruim ou péssima aumentou de 18% para 28%.

Ainda assim, o maior índice de aprovação é no reduto bolsonarista. As Regiões Norte e Centro-Oeste, juntas, conferem 39% de ótimo ou bom para o governo. Na Região Sudeste, a aprovação é dada por 32% dos entrevistados. Por fim, no Nordeste, apenas 20% dos moradores consideram o governo ótimo ou bom.

Em contrapartida, a reprovação às políticas na área ambiental subiu dez pontos percentuais, de 45% em junho para 55% em setembro. Esse aumento coincide com a constatação de que as notícias sobre o governo mais lembradas pela população se referem ao meio ambiente, área que se tornou sensível a partir das queimadas na Amazônia. Entre os entrevistados, 22% lembraram de notícias relacionadas ao meio ambiente, consideradas as queimadas e os embates entre Bolsonaro e o presidente da França, Emmanuel Macron.

A pesquisa confirma, entretanto, a alta popularidade do ministro da Justiça, Sergio Moro: a área mais bem avaliada do governo é a segurança pública, avalizada por 51% da população. Na sequência, os setores mais bem avaliados são: educação, respaldada por 44% dos entrevistados; e combate à inflação, com 42% de aprovação.

Em contraponto, às ações e políticas do atual governo com maiores taxas de reprovação são: impostos, reprovados por 62%; taxa de juros, rechaçados por 61% dos entrevistados; combate ao desemprego, reprovado por 59%; e saúde, com 58% de reprovação.

A pesquisa mostrou ainda que 37% consideram as perspectivas para o restante do governo ótimas ou boas, ante 39% em junho e 45% em abril. Os que acham que a perspectiva é regular, que eram 25% em abril, se mantiveram em 27% entre junho e setembro. Já os que acreditam que o restante do governo será ruim ou péssimo subiram de 23% em abril para 29%  em junho e oscilaram para 31% em setembro.