Correio Braziliense, n. 21718, 02/09/2022. Política, p. 4

Ciro ignora o PDT, não dá trégua e ataca Lula

Raphael Felice


O presidenciável Ciro Gomes (PDT) não cedeu aos pedidos do PDT e manteve o tom nas críticas ao adversário do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, durante sabatina ao programa WW Especial Presidenciáveis, da emissora CNN Brasil, na noite de ontem. O pedetista também reforçou as críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e afirmou ao entrevistador, o jornalista William Waack, que tem a missão de “salvar o Brasil” da polarização.

Ciro repercutiu o debate realizada no último domingo, disse que viu “debilidade psicológica” no ex-presidente e que enxerga o cenário de 2018 se repetir, ao avaliar negativamente o desempenho do petista. “Pelo que estou vendo, pelo andar da carruagem, pela debilidade e fraqueza psicológica que o Lula mostrou, o Bolsonaro partiu para cima para denunciar a corrupção. O Lula avacalhou-se no debate. Estou vendo 2018 funcionar se eu não conseguir salvar o Brasil”, disse.

O candidato comentou a cisão da esquerda com o afastamento entre ele e o ex-presidente. Segundo Ciro, Lula e o PT são “parte central do problema” e essa é uma das razões desse distanciamento. O pedetista se disse “radicalmente” contra a “aptidão golpista de Bolsonaro”. Questionado sobre quem é o responsável pela tensão entre os Poderes da República, Ciro atribuiu a situação ao presidente.

Ele criticou, ainda, o que classificou como o “mesmo modelo econômico e de governança” adotado pelos governos Bolsonaro e Lula. Ciro lembrou, também, que os presidentes que se aliaram ao Centrão acabaram presos, cassados ou no ostracismo.

“Não quero ser presidente para ser preso ou cassado, como todos foram. O (Fernando) Collor governou com essa gente, mentindo — foi cassado. Fernando Henrique (Cardoso) governou com essa gente e o PSDB não teve nem condições de disputar a eleição neste ano. O Lula governou com essa gente, mentindo também, e foi preso. Dilma (Rousseff) governou com essa gente, foi cassada. Michel Temer governou com essa gente e foi preso também. Agora o Bolsonaro governa com essa gente e está desmoralizado”, acusou.

Ciro foi enfático ao acusar Lula e PT de produzirem a maior crise econômica da história do Brasil. Citou queda brusca na economia durante o governo Dilma e a “fartura de crédito” ao brasileiro iniciada por Lula. O pedetista também questionou a redução recente do desemprego, puxada pelo “subemprego e a informalidade mais vil e selvagem”.

O pedetista aproveitou para criticar o que entende como “confusão ideológica” sobre os papéis do Estado e da iniciativa privada no Brasil. Na avaliação de Ciro, essa discussão está “pacificada” em outras repúblicas do mundo.

“É a lei do menor esforço. Só funciona quando se tem uma economia mista em que o Estado cumpre tarefas de tecnologia, em superação do problema de infraestrutura, capacitação em promoção de comércio exterior e política industrial. O empresário privado faz seu papel, que é indispensável para o êxito de uma boa economia. As universidades têm que vir em socorro para produzir a respostas e propostas técnico-científicas. Sem isso, não há progresso”, salientou.