Valor Econômico, v. 20, n. 4843 24/09/2019. Brasil, p. A3
 

Bolsonaro deve citar proteção ambiental na ONU
 Daniel Rittner


Pressionado pela comunidade internacional, o presidente Jair Bolsonaro cuidou pessoalmente do discurso que fará hoje de manhã na abertura da Assembleia Geral da ONU e proibiu assessores de vazar trechos de sua fala diante de vários chefes de Estado em Nova York.

No discurso, ele deve fazer menções à proteção do ambiente, mas ressaltando o aspecto da soberania nacional na defesa da Amazônia. Também pretende falar sobre a crise na Venezuela e a necessidade de restabelecimento da democracia no país.

Com a imagem do Brasil arranhada pelas queimadas na Amazônia, a expectativa em torno do pronunciamento de Bolsonaro é maior até do que sua declaração no Fórum de Davos, quando falou pela primeira vez à elite global, em janeiro.

Naquela ocasião, o presidente subiu à tribuna e fez um discurso de apenas sete minutos - mesmo tendo meia hora como limite. Agora, tudo indica que usará mais tempo. São reservados até 20 minutos para cada representante.

“Ele fez uma série de alterações à proposta que levamos, quis dar um tom muito pessoal ao discurso”, disse ontem à noite o assessor internacional da Presidência, Filipe Martins. “Mas não está preocupado com o tempo. Ele é muito direto no que tem a dizer. Ele não enfeita nem inventa.”

Bolsonaro recebeu, segundo Martins, várias possibilidades de agenda para um encontro rápido com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que deveria ocorrer hoje - em horário ainda indefinido. Ele terá, no próprio hotel, uma reunião com o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani.

Martins contou que Giuliani gostaria de “entregar um presente” e “tirar a impressão” deixada pelo atual prefeito, Bill de Blasio. Em maio, De Blasio repetiu várias vezes que Bolsonaro não seria bem-vindo em Nova York para receber um prêmio da Câmara de Comércio Brasil-EUA.

Bolsonaro cancelou todas as reuniões bilaterais que havia agendado às margens da Assembleia Geral. Segundo auxiliares, foi por causa da recuperação da cirurgia de hérnia. Ele teria, inclusive, sentido dores abdominais na viagem Brasília-Nova York.

Pelo Twitter, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) revelou que se encontrou com o estrategista americano Steve Bannon para discutir sobre como a “Amazônia é usada pelo establishment internacional (globalistas) para atacar o Brasil e o presidente Bolsonaro”.