Valor Econômico, v. 20, n. 4832 07/09/2019. Brasil, p. A6

Cirurgia de Bolsonaro dura 5 horas e presidente agradece apoio em rede social

 Camila Maia


 

A recuperação do presidente Jair Bolsonaro, que passou pela sua quarta cirurgia na manhã de ontem, deve levar de cinco a sete dias. Até quinta-feira, será o vice-presidente Hamilton Mourão que estará no exercício da presidência. Bolsonaro deve ter autorização para deixar o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, e voltar a Brasília dentro de cinco a sete a dez dias, de acordo com o cirurgião Antonio Macedo, que liderou a equipe responsável pelo procedimento.

A cirurgia foi acompanhada pelos filhos do presidente e pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, que ficaram numa ante-sala na qual tinham ampla visão do procedimento. Pelo twitter, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) comentou no início da tarde pelo twitter que o pai já tinha sido transferido para o quarto e demonstrava bom humor, o que se tornou evidente pouco depois, quando surgiu na rede uma mensagem do perfil oficial do presidente. "Mais uma cirurgia. Desta vez foram 5 horas, mas estamos bem. Obrigado a todos pelo apoio e orações. Obrigado Deus pela minha vida. Logo estarei de volta ao campo. Irruuu!", registrou em sua conta no twitter.

A cirurgia, que levou cinco horas, serviu para a correção de uma hérnia incisional que surgiu como complicação das cirurgias feitas anteriormente por Bolsonaro, por conta da facada sofrida em 6 de setembro, durante evento de campanha em Juiz de Fora (MG). Segundo boletim médico, assinado por Macedo e pelos médicos Leandro Echenique e Antônio Antonietto, a técnica utilizada foi a herniorrafia incisional com implantação de tela.

Segundo Macedo, a cirurgia levou mais tempo que o esperado devido à grande aderência do tecido na parede intestinal. O médico esclareceu que a hérnia incisional que foi operada ontem é uma consequência relativamente comum de uma laparotomia como a que o presidente foi submetido depois da facada, principalmente levando em conta que ele teve infecção depois disso, o que enfraqueceu o tecido da parede abdominal.

O risco de retorno de uma hérnia como essa é inferior a 6%, segundo o médico. "A chance é pequena, o tecido está mais musculoso, forte e nutrido do que estava em janeiro", disse.

"A cirurgia ocorreu muito tranquilamente, não houve sutura intestinal, não houve sangramento. Imaginamos que, havendo alta em cinco dias, ele deve viajar em sete, no mais tardar 10 dias", disse Macedo. Segundo ele, não é possível estimar com certeza quando será a alta do presidente.

Desde ontem o poder executivo foi passado a Mourão. Segundo o general Otávio Rêgo Barros, porta-voz da Presidência da República, ainda que Bolsonaro possa exercer a presidência enquanto estiver no hospital, a determinação inicial é que ele descanse e faça o mínimo de esforço durante o período de recuperação. "Queremos o presidente disponível para exercer o poder executivo a partir de Brasília", disse o porta-voz. Como há necessidade de recuperação do presidente, será evitado que ele receba visitas durante o período de internação, disse Rêgo Barros.

Nos próximos dias, Bolsonaro será acompanhado diariamente com exames clínicos. Não há previsão de novos exames de imagem, a não ser que tenha alguma intercorrência. A alimentação líquida deve ser liberada hoje.