Valor Econômico, v. 20, n. 4834 11/09/2019. Política, p. A8

Moro pede investigação sobre inclusão de deputado em inquérito

 Isadora Peron


O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pediu para a Polícia Federal investigar a "aparente inclusão fraudulenta" do nome do deputado Hélio Lopes (PSL-RJ) em um inquérito que tramita no Rio.

O ofício foi encaminhado ao número dois da PF, Disney Rossetti, que está no comando da corporação durante as férias do diretor-geral, Maurício Valeixo. Moro também solicita "ser mantido informado sobre os desdobramentos" da apuração.

O pedido teve como base notícias publicadas na imprensa. No fim de semana, a revista "Veja" afirmou que a indisposição do presidente Jair Bolsonaro com o então superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, aconteceu devido a um inquérito aberto contra seu aliado Hélio Lopes, conhecido como Hélio Negão.

Em seguida, o jornal "Folha de S.Paulo" afirmou que o alvo da investigação no Rio é um homônimo do deputado e que os responsáveis pelo inquérito sabiam disso e abriram a investigação só para desgastar Saadi.

No ofício, o ministro afirma que, como a matéria traz que a inclusão do nome de Lopes teria o "aparente intuito de manipular o governo federal contra a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro" é preciso instaurar "imediata apuração dos fatos no âmbito administrativo e criminal, com a identificação dos responsáveis".

A crise entre Bolsonaro, Moro e a PF começou depois de o presidente pedir, em meados de agosto, a saída de Saadi do comando da superintendência do Rio por questões de gestão e produtividade.

A declaração de Bolsonaro causou uma reação da PF, que viu uma tentativa de intervenção no comando do órgão. Após a polêmica, o presidente voltou a sua carga para Valeixo, aliado de Moro desde antes da Lava-Jato.

Saadi deixou o cargo no dia 30 de agosto e, na segunda-feira, o diretor-geral da PF saiu de férias. A substituição do comando do órgão é dada como certa.

Na edição de segunda-feira, o Valor mostrou que um inquérito sobre lavagem de dinheiro que pôs milicianos do Rio no radar PF, há cerca de dois meses, teria chegado ao conhecimento do presidente e alimentado a crise com  Moro e a corporação.