Valor Econômico, v. 20, n. 4830 05/09/2019. Brasil, p. A6

País só tem espaço para os melhores, diz Weintraub

 Luísa Martins


O ministro da Educação, Abraham Weintraub, fez um discurso de forte apelo meritocrático ao premiar crianças do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, na cerimônia Destaques na Educação, na tarde de ontem.

Ao falar para os estudantes, o ministro disse que eles "não representam alunos do Brasil inteiro", pois no país "não tem espaço para todos, só para os melhores".

"Parabéns. Isso se chama mérito e quem tem mérito tem que ser premiado", afirmou.

Minutos depois, ao conversar com jornalistas, o ministro destacou que "a competição é algo que puxa todo mundo para cima e que precisa ser espalhada pelo Brasil".

Weintraub disse que o governo federal está propondo aumentar em 50% os repasses para o ensino fundamental, "mas com critérios de desempenho, e não para dar dinheiro a fundo perdido".

"Tem que haver uma dinâmica para aumentar a competição e mostrar que quem vai melhor recebe mais, que quem melhora mais recebe mais. É um critério de gestão. Você introduz a competição não para punir quem ficou para trás, mas para estimular que todos melhorem sua performance."

Aos alunos, o ministro disse que a importância da educação de qualidade não é "garantir o futuro" das crianças. "É para que vocês sejam livres e fortes para pensar por vocês mesmos e ter uma profissão e uma renda sem depender de bolsa."

Em crítica velada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que as novas gerações precisam ser preparadas para "não depender de nenhum amparo e nunca mais cair no conto do vigário de um demagogo".

"Estou falando de não depender do Bolsa Família", explicou depois aos repórteres. "Não que eu seja contra. Eu sou a favor que a gente tenha políticas de bem-estar social, mas, quanto mais independente você for, mais livre você vai ser e mais chances de ser feliz você vai ter", completou.

Weintraub disse que a suspensão de 5.613 bolsas de pós-graduação anunciada na segunda-feira pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) "não é corte".

Segundo ele, houve de fato um corte no início do ano, relativo a bolsas "vazias em curso de péssimo desempenho" e benefícios "que os reitores poderiam dar a quem quisessem". "Agora é diferente. A gente está trabalhando para conseguir recursos e aumentar as bolsas e as vagas de bolsas para áreas que a gente considera prioritárias."

Weintraub repetiu o que havia dito pela manhã em audiência na Câmara dos Deputados: "Por enquanto, estamos enviando uma proposta de orçamento [para 2020] que ainda vai ser modificada. Quando houver essa modificação, haverá mais bolsas. A gente ainda não terminou a construção do orçamento do ano que vem, o que saiu foi um primeiro rascunho", afirmou.