Correio Braziliense, n. 21697, 12/08/2022. Política, p. 3

Bolsonaro publica ironia e desvia o foco

Fabio Grecchi


Para Jair Bolsonaro (PL), ontem foi um dia importante, sim, mas não por causa dos manifestos que se espalharam pelo país em defesa da democracia. O presidente preferiu desviar o assunto e chamar a atenção, na sua conta do Twitter, para a mais uma redução no preço do óleo diesel.

“Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobrás reduziu, mais uma vez, o preço do diesel. A redução representa queda de R$ 0,22 por litro. O presente mês acumula redução de R$ 0,42 por litro de diesel. Já estamos entre os países com o menor preço médio de combustíveis do mundo, no cenário atual”, publicou.

Se Bolsonaro preferiu se ater à questão dos combustíveis, o mesmo não fez o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Ele decidiu atacar as manifestações e, embora em momento algum o presidente tenha sido citado nos discursos ou nos documentos que foram lidos, classificou os atos como sendo articulados pela oposição ao governo.

“Ato pela democracia? Sim! Ato pela democracia de fazer um Ato de oposição! Um ato contra o governo é democrático. Mas tem que ser chamado pelo que é: ato pela democracia de fazer oposição. A democracia não tem disfarces”, tuitou. Mais cedo, ele se alinhou a Bolsonaro e também citou a queda no preço do diesel.

Mas, se o presidente buscou tratar de outro tema que não os atos em defesa da democracia, seus adversários na corrida presidencial enfatizaram a necessidade de defendê-la. O petista Luiz Inácio Lula da Silva ligou o estado de direito aos avanços sociais e às pautas que fazem parte do seu plano de governo.

“Defender a democracia é defender o direito a uma alimentação de qualidade, a um bom emprego, salário justo, acesso à saúde e educação. Aquilo que o povo brasileiro deveria ter. Nosso país era soberano e respeitado. Precisamos, juntos, recuperá-lo”, conclamou.

 

Mãos dadas

Lula retuitou, ainda, uma postagem do seu vice, Geraldo Alckmin. “Os brasileiros deram as mãos hoje para defender a democracia. É um 11 de agosto histórico. Como em 1977, estamos unidos pelo que mais importa. As pessoas passam, mas as instituições ficam. Vamos juntos reconstruir o Brasil”, exortou.

Ciro Gomes, candidato do PDT, deixou claro que as manifestações foram uma reação ao presidente. “Um momento de união de diferentes segmentos contra os recorrentes ataques de Bolsonaro aos nossos direitos, ao sistema eleitoral e ao próprio regime democrático — que é a maior de todas as nossas conquistas. Este é um compromisso de todos nós”, tuitou.

A candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet, em publicação na rede social, foi outra que exaltou os atos de ontem. “Estado de Direito sempre! No Dia do Estudante, no histórico dia 11 de agosto, a sociedade levanta sua voz em defesa da democracia. Assinei o manifesto. Tenham certeza do meu compromisso. Minha candidatura representa exatamente isso: democracia sempre. Tolerância, paz e respeito.”

 

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