Valor Econômico, v.20, n. 4930, 30/01/2020. Política p.A10

 

Para Rodrigo Maia, Brasil não tem futuro com Weintraub no MEC

 

Presidente da Câmara diz que reforma tributária deve preservar Simples presumido e pode criar modelos para desoneração de folha

Cristiane Agostine

Em meio a graves problemas envolvendo o Enem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o Brasil “não tem futuro” com o ministro Abraham Weintraub no comando da Pasta. Ao falar a uma plateia de investidores, em evento promovido pelo Credit Suisse, em São Paulo, Maia afirmou que Weintraub prejudica a imagem do país e disse que tanto o ministro da Educação quanto o titular do Meio Ambiente, Ricardo Salles, atrapalham a atração dos investimentos para o Brasil.

“Como faz para o investidor olhar para o Brasil com um ministro da Educação desses? Esse país não tem futuro. Me parece que tinha um passado ruim porque conseguiu fazer um cara desses como ministro da Educação... Que construção que nós tivemos!”, afirmou Maia, em ataque a Weintraub.

O presidente da Câmara criticou também o ministro do Meio Ambiente e disse que Ricardo Salles “perdeu as condições de ser interlocutor” com investidores. “Não sei o que o governo vai fazer com o ministro do Meio Ambiente”, declarou. “Ele radicalizou demais” reforçou. Maia cobrou ações do presidente Jair Bolsonaro na área ambiental e disse que tem recebido muitas críticas à atuação do governo não só de investidores, mas também de parlamentos de outros países.

Em outra crítica ao governo Jair Bolsonaro, Maia disse que é “inaceitável” o que aconteceu recentemente na Secretaria Especial da Cultura, com o então titular Roberto Alvim parafraseando um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha Nazista. “A questão da Cultura passou de todos os limites”, disse. Ao falar sobre a atriz Regina Duarte, que aceitou ontem assumir o comando da secretaria, disse que foi uma decisão inteligente do presidente convidá-la e que será “bom” para o Brasil.

Aos investidores, o presidente da Câmara apresentou os principais projetos que deve pautar neste ano legislativo e afirmou que as reformas tributária e administrativa avançarão em 2020. Sobre a tributária, disse ter a expectativa de votar o texto em abril no plenário. Ao detalhar temas da proposta, comentou que o Simples presumido não vai ser atingido e que “algumas saídas para desoneração da folha podem ser construídas”.

Sobre o andamento da administrativa, Maia disse que o atraso na tramitação da proposta é culpa do governo e que dará celeridade à proposta quando Bolsonaro enviá-la. O deputado afirmou que não vê obstáculos para aprovar o texto e disse que pretende, posteriormente, apresentar a reforma administrativa da Câmara. O parlamentar cobrou ainda apoio do Judiciário para a reforma administrativa. “O ideal é que ministros do Supremo participem desse esforço coletivo”.

O presidente da Câmara disse que as eleições municipais devem prejudicar a votação da proposta de privatização da Eletrobras. Maia prevê que a discussão do projeto aconteça apenas no fim do ano, depois da disputa eleitoral. Muitos deputados devem se candidatar a prefeito e temem desgaste em suas campanhas se defenderem a venda da estatal.

O presidente da Câmara cobrou empenho do governo federal para privatizar a Eletrobras e ironizou a demora para a venda de outras empresas. “Todo mundo quer privatizar até sentar na cadeira. Depois de sentar na cadeira diz que a empresa é eficiente, boa”, disse. “A Caixa [Econômica Federal] daqui a pouco vai virar o maior banco do Brasil.”

O parlamentar disse ainda que deve acelerar a tramitação da PEC Emergencial, levando o texto que virá do Senado diretamente para a Comissão Especial da Câmara. “A gente ganha 45 dias com essa possibilidade”.