Valor Econômico, v. 20, n. 4884, 21/11/2019. Política, p. A12

Eduardo pode ser expulso do PSL
Andrea Jubé


O destino dos 20 deputados federais que estão sendo julgados pelo Conselho de Ética do PSL, inclusive do deputado Eduardo Bolsonaro (SP), deve ser anunciado hoje. A cúpula do PSL analisará antes o tom dos discursos no ato de fundação do Aliança pelo Brasil (APB), que está sendo criado pelo presidente Jair Bolsonaro, para determinar as sanções que podem ser advertência, suspensão ou até expulsão. Alvos do processo classificam o julgamento como um “tribunal de exceção”.

Alguns dos processados foram informados que o resultado do julgamento pode sair após a solenidade de criação do APB, no início da noite de hoje. O partido, entretanto, não divulgou uma data para o desfecho dos julgamentos.

A estratégia traçada para Eduardo Bolsonaro, segundo fontes próximas ao presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), era impor a pena de suspensão das prerrogativas parlamentares para que nessa condição ele fosse impedido de exercer a liderança da bancada. Entretanto, deputados da ala bolsonarista receiam que Eduardo seja um dos quatro parlamentares passíveis de expulsão.

A percepção ontem era de que aliados de Bolsonaro com maior exposição nas cobranças contra o PSL seriam punidos com expulsão. Além de Eduardo, o primeiro vice-líder do PSL e coordenador da bancada, Filipe Barros (PR), estaria na linha de tiro. Eduardo, no entanto, não poderia ser afastado da presidência da Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Câmara porque foi eleito para o cargo, com mandato de dois anos.

Ontem, Filipe Barros cobrou legalidade e transparência no julgamento dos parlamentares pelo Conselho de Ética. “Se querem nos processar, que nos processem de acordo com a lei e com a Constituição Federal, e não através de um tribunal de exceção criado pelo autoritário Luciano Bivar”, protestou. Barros disse que o julgamento é um “jogo de cartas marcadas”, porque os integrantes do Conselho de Ética são assessores comissionados e ex-funcionários do dirigente.

Segundo Barros, estaria configurada “nítida perseguição política e ideológica”, argumentos que caracterizam justa causa para deixar o partido, e permitiriam ao grupo migrar para o futuro APB de Bolsonaro sem perder os mandatos. “Em nenhum momento descumprimos o estatuto do partido, só cobramos transparência dos recursos públicos e democracia nas decisões”, completou.

Ontem, a assessoria do partido informou que o Conselho de Ética se reuniu para analisar as defesas dos processados. Foi o prazo final para apresentação das respostas às acusações de infrações disciplinares, e defesas orais. Na terça-feira, Bivar disse que cada processado teve um “comportamento diferente”, e responderia na proporção de suas ações. “Há deputados que foram agressivos e muito difamatórios em relação ao partido”, justificou.

Os outros 18 alvos do julgamento são: Bibo Nunes (RS), Alê Silva (MG), Aline Sleutjes (PR), Bia Kicis (DF), Carla Zambelli (SP), Daniel Silveira (RJ), General Girão (RN), Hélio Lopes (RJ), Luiz Phillipe de Orleans (SP), Sanderson (RS), Major Vitor Hugo (GO), Carlos Jordy (RJ), Chris Tonietto (RJ), Cabo Junio Amaral (MG), Guiga Peixoto (SP), Luiz Ovando (MS), Coronel Armando (SC) e Márcio Labre (RJ).