O Estado de São Paulo, n. 46795, 30/11/2021. Política p.A9

 

Bolsonaro quer levar ao menos cinco ministros para o PL

Lauriberto Pompeu

Eduardo Gayer

Dois anos após deixar o PSL, o presidente Jair Bolsonaro ingressará oficialmente hoje no Centrão e, na oitava troca de partido desde que iniciou a carreira política, vai se filiar ao PL de Valdemar Costa Neto – condenado e preso no mensalão – para concorrer a novo mandato, em 2022. A entrada de Bolsonaro ao PL faz parte de uma estratégia maior: até março do ano que vem, ao menos cinco ministros também devem estar na legenda.

No Palácio do Planalto, o plano é reforçar os palanques nos Estados, lançando ministros como candidatos a governos estaduais e a cadeiras no Senado, Casa na qual a base aliada está cada vez mais enfraquecida. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, abre a lista e também vai se filiar hoje ao PL, ao lado do presidente e do senador Flávio Bolsonaro (RJ), que deixa Patriota.

Pivô do escândalo do orçamento secreto, revelado pelo Estadão, Marinho já foi filiado ao PSDB e está cotado para concorrer ao governo do Rio Grande do Norte ou ao Senado. Além dele, outros quatro ministros de Bolsonaro migrarão para o PL, mas em outra etapa. Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) deve disputar a sucessão do governador João Doria, em São Paulo, e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) vai concorrer ao governo do Rio Grande do Sul.

Os ministros Marcelo Queiroga (Saúde), que estuda concorrer ao governo da Paraíba, e Gilson Machado (Turismo), que planeja se candidatar ao Senado ou a cadeira do governador Paulo Câmara, em Pernambuco, também negociam a entrada no PL.

Conhecido por apoiar o governo, seja de direita ou de esquerda, o PL tem no Palácio do Planalto a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. Ex-deputado que comanda o partido, Costa Neto é muito cortejado para a formação de alianças, a despeito de ter ficado quase um ano preso após condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no mensalão. Nos dois governos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje o principal adversário de Bolsonaro na eleição de 2022, o PL era a legenda do vice, José Alencar – morto em 2011.

 

REAÇÃO. O aumento da presença do PL no governo já provoca reclamações de outras siglas do Centrão. Ligado a Igreja Universal do Reino de Deus, o Republicanos, por exemplo, abriu diálogo com o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro, presidenciável do Podemos. Os sinais de insatisfação foram recebidos pelo Planalto.

Terceiro maior partido da Câmara, com 43 deputados, o PL teve um fundo eleitoral de R$ 117,6 milhões em 2020 para financiar campanhas e um fundo partidário de R$ 45,7 milhões, no mesmo ano. Com a saída de Flávio Bolsonaro do Patriota – partido onde ficou apenas seis meses – e a migração para o PL, a legenda passará a ter cinco senadores.

 

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Presidente grava vídeo de apoio a Mendonça só para evangélicos

 

O presidente Jair Bolsonaro recebeu, ontem, fora da agenda oficial, seu indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, e gravou um vídeo em apoio ao ex-ministro da Justiça, que será sabatinado amanhã pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

A gravação, distribuída a lideranças evangélicas pelo Whatsapp, no entanto, não foi publicada nas redes sociais do presidente, fato que chamou a atenção de religiosos.