Valor Econômico, v. 20, n. 4876, 08/11/2019. Política, p. A10

Força-tarefa sinaliza que deve agir contra decisão
Carolina Freitas 



A força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba sinalizou que vai agir contra a decisão de ontem à noite do Supremo Tribunal Federal (STF), que derrubou previsão de prisão de condenados na segunda instância da Justiça. Em nota, os procuradores afirmaram que a decisão “pode ser objeto de debate e discussão”, ainda que deva ser respeitada.

“Reconhecendo que a decisão impactará os resultados de seu trabalho, a força-tarefa expressa seu compromisso de seguir buscando justiça nos casos em que atua”, informa a nota. Os procuradores elogiaram o teor dos votos dos ministros que foram favoráveis à prisão já na segunda instância, pelos “sólidos argumentos expostos”.

O Ministério Público poderia entrar com uma medida cautelar para manter, por exemplo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na prisão. O caso de Lula está em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A força-tarefa evocou os movimentos populares a favor da prisão de condenados na segunda instância. “A decisão [do STF] está em dissonância com o sentimento de repúdio à impunidade e com o combate à corrupção”, disseram os procuradores na nota.

O porta-voz do movimento NasRuas, Tomé Abduch, classificou o resultado do julgamento como “um atraso para o país”. “A decisão do STF é contrária aos anseios da sociedade. Ela vai levar à soltura de inúmeros criminosos, entre eles Lula”, disse Abduch.

Nas redes sociais, ao longo da tarde de ontem, o julgamento no Supremo e os ministros que atuavam nele foram assunto. O presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, último a votar e responsável por desempatar a questão, liderou à noite os assuntos mais comentados do Twitter, com mais de 85 mil menções.

Uma das primeiras a repercutir a decisão do Supremo nas redes foi a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). “É uma vergonha o voto do Ministro Dias Toffoli. Uma surpresa, já que ele havia se posicionado, em 2016, pela prisão em 2ª Instância”, escreveu Carla no Facebook. “[Toffoli] perdeu uma grande chance de julgar a favor do Brasil e não de acor com a própria história.”

O senador Major Olímpio (PSL-SP) divulgou vídeo pelo WhatsApp em que diz que o resultado do julgamento foi de “6 a 5 contra o povo brasileiro, fazendo do Brasil o país da impunidade”.