O Estado de São Paulo, n. 46780, 15/11/2021. Política p.A8

 

Bolsonaro reage a alianças regionais e suspende ida ao PL

 

Felipe Frazão

 

Em nova reviravolta sobre seu destino político, o presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida ontem sua filiação ao Partido Liberal (PL), um dos integrantes do Centrão. Apoios do PL a políticos de esquerda irritaram o clã Bolsonaro. A filiação estava agendada para o dia 22, dias após o retorno de Bolsonaro, que faz um giro por países árabes, ao País, mas foi postergada. Segundo Bolsonaro, o adiamento foi combinado com o presidente da sigla.

Por meio de nota, o PL também declarou que, após conversas com o presidente, o evento de filiação está suspenso e que não há data para ser realizado. Segundo a sigla, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tomou a decisão após “intensa troca de mensagens na madrugada deste domingo com o presidente Jair Bolsonaro”.

“(A filiação) só vale depois que eu assinar embaixo”, disse Bolsonaro ontem ao visitar a Dubai Air Show, nos Emirados Árabes Unidos. “Tenho muita coisa a conversar com o Valdemar Costa Neto ainda. Afinal de contas, não é a minha bandeira que vai ficar isolada no partido dele. Queremos um projeto de Brasil e o discurso não é apenas o meu, mas do presidente do partido também, nós estarmos perfeitamente alinhados.”

O presidente já havia declarado que estava 99% acertado com o PL, e o partido já confirmava sua filiação. Antes, Bolsonaro conversava também com o Progressistas e o Republicanos, além de siglas menores. “Quer saber a data da criança se eu nem casei ainda. Se até lá nos afinarmos, pode ser, mas acho difícil essa data. Estamos de comum acordo que podemos atrasar um pouco esse casamento para que ele não comece sendo muito igual aos outros”, disse Bolsonaro.

Há desacordo principalmente sobre quatro Estados, três deles no Nordeste, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva costuma ter seu melhor desempenho eleitoral: Piauí, Pernambuco e Bahia. Além disso, São Paulo ainda está em questão. O Planalto busca um nome viável e alinhado para o Palácio dos Bandeirantes – o preferido é o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. •