O Estado de São Paulo, n. 46774, 09/11/2021. Política p.A9

 

Bolsonaro acerta entrada no PL e Valdemar Costa Neto já prepara filiação

 

Maercelo de Moraes

 

O presidente Jair Bolsonaro bateu o martelo e decidiu disputar a reeleição pelo PL, em 2022. A filiação ao Partido Liberal ocorrerá ainda neste mês e representa sua nona mudança de sigla desde que ingressou na política, em 1988. Bolsonaro preferiu o PL ao Progressistas (PP), com quem vinha negociando, por avaliar que terá ali mais autonomia para influenciar as decisões da Executiva e os diretórios regionais do que teria em outra legenda.

Presidente nacional e "dono" do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto confirmou ter conversado ontem com Bolsonaro, que avisou já ter comunicado sua decisão ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. "Ele disse para mim que falou com o Ciro hoje (ontem). E que o Ciro entendeu. Então, vamos tocar para frente o assunto e ver quando vamos fazer essa filiação", afirmou Costa Neto ao Estadão. Nogueira é presidente do Progressistas, mas se licenciou da função, e também da cadeira de senador, quando foi nomeado para a Casa Civil, no fim de julho.

Mesmo assim, é ele quem conduz as negociações mais importantes do partido.

"O presidente me informou que conversou com o Ciro e que falou com os outros partidos. Porque ele tem de se entender com todos. E nós temos de nos entender para que todos sejam atendidos. Porque política é isso", destacou Costa Neto, um dos personagens centrais do escândalo do mensalão, em 2005.

 

99% FECHADO'. Mais cedo, o próprio Bolsonaro disse à CNN que estava "99% fechado" com o PL e que se reuniria com a cúpula do partido amanhã, a fim de acertar os detalhes da filiação. "A chance de dar errado é quase zero", afirmou o presidente à CNN.

Se não houver imprevistos, a ideia é fazer a cerimônia de filiação de Bolsonaro no dia 22, justamente por ser este o número do PL e o ano da eleição.

Na negociação para entrar no PL, Bolsonaro tem se preocupado em amarrar um acerto político pelo qual os partidos mais próximos de seu governo, como o Progressistas e o Republicanos, também integrem a aliança para a campanha da reeleição. Na disputa de 2018, o então candidato do PSL se referia a essas legendas como "velha política".

 

VICE. Agora, no entanto, o partido de Ciro Nogueira poderá ter o vice na chapa encabeçada por Bolsonaro. Mas o nome deverá ser indicado de comum acordo com o presidente.

Desde novembro de 2019 Bolsonaro está sem partido. Após ter brigado com o comando do PSL, ele tentou fundar o Aliança pelo Brasil, mas não conseguiu as assinaturas necessárias para formalizar a sigla no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente negociou, então, a entrada em vários outros partidos, como Republicanos, PRTB e Patriota, mas enfrentou uma série de obstáculos porque sempre apresentava a exigência de mandar na legenda, inclusive no caixa.