O Estado de São Paulo, n. 46769, 04/11/2021. Política p.A11

 

 

Dirigentes da futura sigla já preveem debandada

 

 

A composição da bancada do futuro partido União Brasil deve mudar após a janela partidária, período que será aberto em março do ano que vem e permite trocas de partidos sem a perda de mandato.

Dirigentes do PSL já contabilizam uma debandada de pelo menos 25 deputados bolsonaristas da nova legenda. Mas o que deve pesar para a permanência ou a saída de parlamentares do União Brasil são os arranjos regionais.

O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) afirmou que deixará o partido se o diretório estadual do Rio ficar com o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (PSL). O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), por sua vez, condicionou sua permanência no União Brasil ao apoio da nova sigla à pré-candidatura do deputado estadual Arthur do Val (Patriota), conhecido como "Mamãe Falei", ao governo de São Paulo. A nova legenda ainda discute se apoia a pré-candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) ou se tenta filiar Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB, para lançá-lo ao governo estadual.

 

ARTICULAÇÃO. "Tudo depende da conjuntura", afirmou o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), aliado de ACM Neto e responsável por coordenar as articulações regionais da fusão. Ele evitou adiantar qualquer posição para a disputa do ano que vem. "Isso não está posto na mesa por enquanto. 2022 vamos discutir em 2022", afirmou.

Se obtiver o aval da Justiça Eleitoral, o União Brasil terá o maior caixa eleitoral no ano que vem, o que deve valorizar o passe da sigla na hora de negociar apoios. Apenas de Fundo Partidário serão R$ 158 milhões – atualmente, a maior fatia é a do PT, de R$ 94 milhões.

A nova sigla terá também a maior cota do fundo eleitoral, cujo valor ainda deve ser fixado pelo Congresso. Se considerada a soma dos valores de 2020 dos fundos eleitoral e partidário, o União Brasil teria R$ 478,2 milhões, montante maior que o do PT, que ficaria com R$ 295,7 milhões. / L.P.

 

Migração

25

parlamentares, pelo menos, devem deixar a sigla se o União Brasil sair do papel, dizem líderes do PSL

 

União Brasil

• Aprovação

Os diretórios do DEM e do PSL aprovaram, em outubro, a fusão entre as legendas – o União Brasil ainda precisa do aval do TSE.

 

• Estrutura

O presidente da futura sigla será o deputado Luciano Bivar (PE), que hoje comanda o PSL, e a secretaria-geral ficará com ACM Neto, atual chefe do DEM.

 

• Dissidências

Apesar da perspectiva de ser o maior partido do País, articuladores do União Brasil já esperam dissidências na janela partidária.