O Globo, n. 32695, 11/02/2023. Política, p. 9

Sena­dor da base defende garim­pei­ros expul­sos em ope­ra­ção do governo

Bianca Gomes


Integrante da base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e recém-filiado ao PSB, partido do vice-presidente e do ministro da Justiça, o senador Chico Rodrigues (RR) saiu em defesa dos garimpeiros que estão sendo expulsos da reserva indígena do povo Ianomâmi em uma megaoperação do governo federal. Em declarações recentes, Chico Rodrigues disse que os garimpeiros “não são bandidos”, “precisam ser respeitados” e não podem ser criminalizados. Ele ainda defendeu que os invasores sejam retirados pacificamente, de “forma paulatina, progressiva e contínua, mas como cidadãos”. O senador participou nesta semana de uma reunião com coordenadores do movimento Garimpo é Legal. Ele integra a Comissão Externa que vai a Roraima acompanhar as medidas de socorro aos ianomâmis.

— Não são bandidos. São trabalhadores e trabalhadoras que estão no garimpo tangidos pela necessidade de um ganho e de melhorar sua vida e das suas famílias. Não podem ser criminalizados. Por que estão em uma área em que não é permitido o garimpo? Não interessa. Interessa agora é que saiam pacificamente e protegidos — afirmou Chico Rodrigues, que ainda chama a ação do governo federal de “brusca” e diz que ela não olha “o lado humano”. As falas de Rodrigues causaram desconforto entre parlamentares do PSB, que dizem ser contraditório um senador do partido defender o garimpo ilegal em terras indígenas. Lembram que o ministro da Justiça, Flávio Dino, também do PSB, é uma das principais vozes da megaoperação do governo federal.

O senador é ex-vice-líder de Jair Bolsonaro no Senado e ficou conhecido por ter sido flagrado com dinheiro na cueca em uma operação da Polícia Federal. Ele é aliado do governador de Roraima, Antonio Denarium, cuja irmã foi alvo de operação da PF que investiga um esquema de lavagem de dinheiro por meio da comercialização do ouro extraído de garimpos ilegais. Ele se filiou ao PSB no fim de janeiro, em evento que contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin. Procurado, o senador não respondeu.