O Estado de S. Paulo, n. 46733, 29/09/2021. Política, p. A6

Oposição busca centro-direita para atos pró-impeachment

Tulio Kruse


Partidos da oposição e movimentos sociais organizam um palanque ampliado para as manifestações pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro neste sábado. Em um esforço para reunir grupos antagônicos, e ainda distante dessa meta, o ato deve ter a presença de líderes nacionais de nove partidos, mas organizadores tentam ampliar o rol de legendas da centro-direita no carro de som.

A maior parte das siglas, que agora formarão um grupo de trabalho para a organização dos atos pró-impeachment, já integrava a Campanha Nacional Fora Bolsonaro – com predomínio da esquerda e da centro-esquerda. Na Avenida Paulista, eles terão o reforço de PV, Solidariedade e Cidadania. O formato foi acertado em reunião com líderes partidários, coordenadores da campanha e o fórum Direitos Já!, que reúne mais dez siglas.

O Movimento Brasil Livre (MBL) teve uma breve participação na reunião. O ativista Renan Santos apareceu no fim do encontro, mas não firmou compromisso com a participação ou qualquer convocação para o ato. Há mais de uma semana, lideranças do movimento já sinalizavam que a chance de aderir a manifestações ao lado de adversários antigos, em especial o PT, era remota.

O carro de som na Avenida Paulista terá mais nomes nacionais reunidos em relação aos últimos protestos da oposição.

Não há previsão de que ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vá ao ato, segundo sua assessoria. O petista tem evitado comparecer às manifestações para afastar críticas de que esteja aproveitando o protesto como palanque de sua pré-campanha eleitoral para 2022.

O coordenador do Direitos Já!, Fernando Guimarães, disse que pretende usar os próximos quatro dias para convocar líderes de partidos ao centro e à direita do espectro ideológico. O fórum reúne desde a esquerda até siglas como PSL, PSDB e Novo, mas estas não estão na articulação pelos atos do impeachment. Com o prazo curto, ele espera que esse seja um ensaio para uma manifestação mais ampla, em 15 de novembro.

Verde e amarelo. "Vamos fazer um esforço para que lideranças de outros partidos participem, mesmo que não tenham posição definida sobre o tema", afirmou Guimarães. Segundo ele, as entidades pretendem resgatar na manifestação o uso do verde e amarelo e temas patrióticos, como o Hino Nacional – que têm sidos usados à exaustão em atos bolsonaristas. Há ainda um compromisso para que, desta vez, o carro de som não tenha bandeiras de partidos, como ocorreu em cinco atos da oposição, e, sim, símbolos nacionais.

Parte dessa estratégia já foi experimentada na manifestação do dia 12 de setembro, organizada por movimentos oposicionistas de direita como MBL, Vem Pra Rua e Livres e que contou com participação de centrais sindicais e do PDT paulistano. Na ocasião, a organização pediu a convidados e militantes que fossem ao protesto vestidos de branco.

Segundo a coordenação da campanha, até a noite de ontem, havia 160 cidades no País com atos confirmados.