O Globo, n. 32688, 04/02/2023. Política, p. 7

Base de Lula forma dois blo­cos e dis­puta comis­sões no Senado



Após a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à Presidência do Senado, os partidos da base do governo Lula (PT) se dividiram em dois blocos para disputar o comando de comissões na Casa. Um dos grupos, denominado “Democracia”, reúne quatro siglas da base, MDB, União Brasil, PDT e Rede, e outras duas consideradas independentes do governo, Podemos e PSDB. Com 31 senadores, ele supera o “Resistência Democrática”, bloco formado por PSD, PT e PSB, que somam 28 integrantes.

O tamanho dos blocos costuma orientar a ordem de indicações para o comando de comissões. A presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), pela qual passam praticamente todos os projetos que depois são votados pelos senadores, deve ser indicada pelo União Brasil, que conta com nove parlamentares. A preferência faz parte de um acordo envolvendo a reeleição de Pacheco, que teve como principal articulador o senador Davi Alcolumbre (União-AP), atual presidente da CCJ e que pleiteia a continuidade no posto.

O MDB, que conta com uma bancada de dez senadores, a maior do bloco “Democracia”, pretende comandar a Comissão de Relações Exteriores (CRE), outro posto cobiçado na Casa. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), aliado próximo de Lula, é um dos cotados à cadeira. A indicação, no entanto, passará por um acordo com PSD e PT, principais bancadas do segundo bloco governista, com 15 e 9 senadores, respectivamente.

O PSD, que também mira a CRE, deseja seguir no comando da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O PT, que abriu mão da primeira vice-presidência do Senado em favor do MDB, deseja agora ter a terceira indicação para presidências de comissões. Com isso, o partido poderia pleitear a CRE ou a CAE.

Após a formação da Mesa Diretora do Senado, na quinta-feira, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que há um acordo para o PSD se manter na pasta de assuntos econômicos, mas que outros postos serão definidos pelo colegiado de líderes na próxima semana.

Já o senador petista Humberto Costa (PE) declarou que o PT deseja “a escolha de uma comissão em que o partido esteja bem representado”, como “contrapartida” por ter deixado o segundo cargo da Mesa Diretora com o MDB. A sigla de Lula, que deve indicar o comando de duas comissões permanentes, mira ainda a Comissão de Assuntos Sociais ou a de Direitos Humanos.

Movimento da oposição

Além da base do governo, partidos que fizeram oposição a Pacheco também desejam apelar ao presidente do Senado pelo comando de comissões. O PL, que apoiou a candidatura derrotada de Rogério Marinho (RN), vem pleiteando a Pacheco que siga o princípio da proporcionalidade com todas as bancadas. Com 12 senadores, o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro teria a terceira maior bancada, superando o bloco formado por PP e Republicanos, com dez integrantes, que também apoiaram Marinho. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou na quarta-feira, antes mesmo da derrota de Marinho, que vai pedir espaços a Pacheco nas comissões.