O Globo, n. 32686, 02/02/2023. Política, p. 5

Janja celebra, e Valdemar culpa governo por derrota de Marinho

Eliane Oliveira
Bela Megale


De um lado, festa; de outro, reclamação. Com a confirmação da recondução de Rodrigo Pacheco (PSDMG) ao cargo de presidente do Senado por mais dois anos, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, celebrou a vitória do aliado do presidente Lula, enquanto o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, culpou o governo pela derrota do seu candidato, o bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN).

O cacique atribuiu o placar de 49 a 32 ao empenho do Planalto pela reeleição, numa referência aos esforços do governo para antecipar negociações de cargos em meio a riscos de derrota.

— Lutar contra o governo é muito difícil. Eles têm muita força, têm uma bancada grande — afirmou Valdemar.

O dirigente avaliou que até a véspera da eleição havia um “clima de virada” a favor de Marinho entre seus apoiadores, mas disse que ontem o governo Lula “entrou com tudo” na campanha de Pacheco.

— Foi a máquina (que derrotou). Máquina é máquina, tem que respeitar — emendou Valdemar, desejando “boa sorte a Pacheco”.

Valdemar não considera, no entanto, que a entrada no circuito de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir votos para Pacheco tenha colaborado para a derrota de seu candidato.

O presidente do PL trabalhou até o último momento para atrair votos para Rogério Marinho. O movimento mais importante foi formalização do apoio do PP e do Republicanos à candidatura quatro dias antes da eleição. Em troca, o PL abriu mão de indicar um nome à vice-presidência da Câmara e cedeu a cadeira ao Republicanos.

Em outro extremo da torcida, a socióloga Janja respirou aliviada durante a transmissão de uma live quando soube da vitória de Pacheco:

— Pacheco acabou de ganhar a eleição. Amém! Foi mais uma derrota para eles.

A primeira-dama estava numa conversa com a cantora Maria Rita, a apresentadora Titi Müller e o jornalista Murilo Ribeiro em seu perfil numa rede social, cujo tema foi o aniversário de um mês da posse de Lula. Ela lembrou os atos golpistas do dia 8 de janeiro e contou ter ficado muito abalada ao ser informada sobre os ataques e as depredações no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal por apoiadores radicais do expresidente Jair Bolsonaro.

— Eu chorava nos corredores. Não estava acreditando que, no dia 8, aqueles canalhas, bandidos, vândalos, fizeram o que fizeram. O dia 8 tem que ficar na nossa memória, mas temos que retomar um pouco a alegria da posse.

Janja também lembrou do simbolismo que representou o encontro de representantes de todos os Poderes no dia seguinte à destruição dos prédios, quando o presidente Lula desceu a rampa do Palácio com Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Pacheco, o presidente reeleito da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e governadores dos 27 estados:

— Foi muito importante o dia seguinte em que todos se reuniram em defesa da democracia. Descemos a rampa, acho que isso apaga um pouco a imagem do que fizeram no domingo —disse Janja, ressaltando que a data não deve ser esquecida, mas que o país precisa seguir em frente.

“Pacheco acabou de ganhar a eleição. Amém! Foi mais uma derrota para eles”

Janja, primeira-dama