O Estado de S. Paulo, n. 46726, 22/09/2021. Política, p. A8

Queiroga é diagnosticado com covid

Beatriz Bulla
Lorenna Rodrigues 


O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que acompanha o presidente Jair Bolsonaro em viagem aos Estados Unidos, foi diagnosticado com covid-19. Por causa do teste positivo do ministro, a diplomacia brasileira decidiu suspender a presença de representantes nas reuniões previstas para ocorrer hoje, na Assembleia-geral da Nações Unidas. É o segundo caso de um infectado pelo novo coronavírus na comitiva do Brasil.

Pelo Twitter, Queiroga confirmou o teste positivo e disse estar "seguindo todos os protocolos de segurança sanitária". O ministro da Saúde não embarcou de volta para Brasília com Bolsonaro por causa do diagnóstico. Ele ficou em Nova York, onde deverá cumprir uma quarentena de 14 dias. Médico, Queiroga se vacinou contra covid ainda em janeiro.

Queiroga esteve com Bolsonaro no plenário da Organização das Nações Unidas ontem, o que deve despertar reação internacional para rastrear os contatos do ministro e identificar possíveis focos de transmissão. Em uma foto postada em suas redes sociais, o ministro aparece no meio do local onde, mais cedo, discursaram os principais líderes mundiais.

A sequência de encontros de Queiroga na ONU deve levar a uma linha de rastreamento de contágio que pode atingir o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

Queiroga participou do encontro de Bolsonaro com o primeiro-ministro do Reino Unido anteontem. O ministro usou máscara. Bolsonaro e Johnson, porém, estavam sem a proteção. Ontem, Johnson se reuniu com Biden, na Casa Branca. O britânico e o americano estavam usando máscaras. Já o presidente português está hospedado em Nova York no mesmo hotel onde a delegação brasileira esteve e onde Queiroga continuará até o fim da quarentena.

Ministros com quem Queiroga conviveu de maneira próxima nos últimos dias, como o chanceler brasileiro, Carlos França, e o titular do Meio Ambiente, Joaquim Leite, também devem ser monitorados. Os dois tiveram reuniões ontem com o alto escalão do governo Biden. Enquanto França se reuniu com o secretário de Estado, Antony Blinken, Leite esteve com o enviado especial para o clima, John Kerry.

Queiroga acompanhou Bolsonaro na maior parte dos eventos em Nova York, incluindo uma visita ao memorial às vítimas do 11 de Setembro, na tarde de ontem. O ministro já estava infectado. Bolsonaro, por sua vez, saiu sem máscara do hotel onde está hospedado e abraçou e tirou fotos com apoiadores por mais de 20 minutos. O Palácio do Planalto informou que outros integrantes da comitiva fizeram teste de covid-19 e tiveram resultado negativo.

Gesto obsceno. Durante a viagem a Nova York, Queiroga se envolveu em polêmica ao reagir com gesto obsceno a manifestantes. Um grupo protestava contra o governo brasileiro em frente à residência da missão nacional. Ao deixar o local em uma van, sob os gritos dos manifestantes, o ministro levantou de seu assento e mostrou, com as duas mãos, os dedos do meio aos opositores, que também faziam gestos obscenos.

Em NY, Queiroga também foi comer pizza ao ar livre com Bolsonaro, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e os ministros Gilson Machado e Luiz Eduardo Ramos.