O Estado de S. Paulo, n. 46719, 15/09/2021. Política, p. A8

Ação contra Cunha vai para Justiça Eleitoral

Weslley Galzo


A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem encaminhar à Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro a ação criminal contra o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) por supostas lavagem de dinheiro, evasão de divisas e falsidade ideológica eleitoral na mediação da compra de um campo petrolífero, em Benin, pela Petrobrás, em troca do recebimento de vantagens indevidas na Suíça. Cunha já havia sido condenado pelo ex-juiz Sérgio Moro, mas a decisão foi revista.

Embora tenha havido empate no julgamento, o regimento interno do Supremo define como vencedora a decisão que mais beneficia o réu em caso de matéria criminal. Os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski votaram a favor das demandas apresentada pela defesa de Cunha, por entender que Moro usurpou suas competências para manter o ex-presidente da Câmara sob a alçada da 13.ª Vara Federal de Curitiba.

Já Edson Fachin e Kassio Nunes Marques votaram contra por, segundo eles, não haver jurisprudência definitiva sobre este tema na época em que foi proferida a decisão. Gilmar argumentou que ficou "evidente" o prejuízo ao réu, condenado a "elevada pena por um juiz incompetente".

Segundo a defesa, a decisão "corrige uma injustiça histórica, deixando claro que a Lava Jato atuou de forma abusiva e perseguiu Eduardo Cunha".