O Estado de S. Paulo, n. 46719, 15/09/2021. Política, p. A4

Advogado nega ser sócio oculto de empresa

Julia Affonso
Cássia Miranda
Daniel Weterman


Após faltar a depoimento marcado na CPI da Covid há duas semanas, o advogado e empresário Marcos Tolentino da Silva negou ontem aos senadores ser sócio da Fib Bank, empresa que concedeu uma garantia financeira de R$ 80,7 milhões à Precisa Medicamentos no contrato do Ministério da Saúde para compra da vacina indiana Covaxin. "Não possuo qualquer participação na sociedade, não sou sócio da empresa", disse.

Segundo o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), no entanto, a comissão tem comprovação de que Tolentino seria o controlador de um "emaranhado" de empresa, incluindo a Fib Bank.

No depoimento, o advogado admitiu ser dono de uma empresa que, segundo a CPI, recebeu recursos da Fib Bank, e confirmou ter relações profissionais com Ricardo Benetti, acionista da fiadora, mas evitou responder a sobre sua atuação dele em empresas investigadas pela CPI e ligadas ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PPPR), o que reforçou as suspeitas dos senadores.

Dono da Rede Brasil de Televisão, Tolentino é amigo pessoal de Barros, investigado pela CPI. Sobre a relação com o parlamentar, o depoente afirmou que "se trata de um conhecido de muitos anos".

A CPI identificou atuação de Tolentino em cartas de fiança à União em contratos que somam aproximadamente R$ 600 milhões. "Isso demonstra um conluio nunca visto na história da República", afirmou Renan. Tolentino compareceu à CPI acompanhado de um médico e disse que não foi anteriormente à comissão porque enfrenta sequelas da covid-19./  J.A., Cássia Miranda e D.W.