O Globo, n. 32731, 19/03/2023. Política, p. 10

Val­de­mar lança can­di­da­tura de Flá­vio à Pre­fei­tura do Rio

Bernardo Mello


O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, apontou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como o candidato de sua preferência para disputar a Prefeitura do Rio em 2024. A declaração de Valdemar ocorreu na noite de sexta-feira, durante a inauguração do diretório da sigla em Niterói, que contou com a presença da cúpula partidária e de lideranças bolsonaristas. Mais cedo, Valdemar e Flávio se reuniram com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), na tentativa de apaziguar um conflito interno com o chefe do Executivo estadual, que vinha articulando a candidatura de um aliado, Dr. Luizinho (PP), e ameaçava deixar o partido caso não tivesse o controle do diretório regional. —Tivemos esse tropeço (a derrota de Jair Bolsonaro para Lula), mas vamos recuperar lá na frente. Vamos batalhar para o Flávio ser prefeito do Rio de Janeiro. — afirmou Valdemar.

 Internamente, Flávio vinha se colocando como candidato à prefeitura desde fevereiro, para marcar posição em meio a um racha entre Castro e o presidente estadual do PL no Rio,o deputado Altineu Côrtes, aliado próximo de Valdemar. A declaração do presidente do PL endossou publicamente a articulação do senador, interditando, por ora, discussões sobre outras candidaturas. Flávio disse que pretende atrair para a chapa partidos como PP, União Brasil e Republicanos, que também serão alvos do prefeito Eduardo Paes (PSD), provável candidato à reeleição com o apoio de Lula.

—Vamos ter mais estratégia e aprender com nossos erros. Não podemos dividir a direita. Porque aí o lado de lá se compõe e fica difícil para a gente —pontuou o senador. Castro, por sua vez, tem buscado se dissociar do bolsonarismo e feito acenos a Lula. Projetando uma candidatura ao Senado em 2026, ano em que haverá duas cadeiras em disputa — incluindo a de Flávio —, o governador mira uma aliança partidária ampla e trabalha para emplacar nomes de sua confiança em grandes colégios eleitorais do estado.

 O atrito com a direção estadual do PL se agravou justamente quando Castro avaliou que parlamentares do partido, apoiados por Altineu, vinham trabalhando contra um dos aliados mais próximos do governador, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), atual presidente da Assembleia Legislativa (Alerj). Castro, Bacellar e parlamentares mais ligados ao Palácio Guanabara não participaram do evento do PL em Niterói. Mais cedo, conforme revelou a colunista do EXTRA Berenice Seara, o governador se reuniu com Flávio, Valdemar e Altineu para estabelecer um acordo sobre a composição do diretório estadual do PL. Sinalizando incômodo com a proporção tomada pelo conflito interno, Valdemar indicou que considera o assunto resolvido após a reunião, ainda que o pleito de Castro, de trocar o comando estadual do PL, não tenha sido atendido.