O Estado de S. Paulo, n. 46714, 10/09/2021. Política, p. A4

Para Barroso, presidente age como um ‘farsante’

Weslley Galzo
Pepita Ortega


Ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso rebateu ontem as falas antidemocráticas do presidente Jair Bolsonaro feitas nos atos do 7 de Setembro.

“Não podemos permitir a destruição das instituições para encobrir o fracasso econômico, social e moral que estamos vivendo”, afirmou Barroso na abertura da sessão do TSE.

Sem citar o nome de Bolsonaro, o presidente da Corte Eleitoral sugeriu que ele age como um “farsante”. “É tudo retórica vazia. Hoje em dia, salvo os fanáticos (que são cegos pelo radicalismo) e os mercenários (que são cegos pela monetização da mentira), todas as pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história”, disse o ministro.

“A democracia tem lugar para conservadores liberais e progressistas. O que nos une é o respeito à Constituição”, disse o ministro, alvo de ataques de Bolsonaro. Segundo Barroso, o momento é “grave” no País. “A falta de compostura nos envergonha perante o mundo. Somos vítimas de chacota e desprezo mundial, um desprestígio maior do que a inflação, do que o desemprego, do que a queda de renda, do que o desmatamento da Amazônia.”

O presidente do TSE lembrou ainda que o chefe do Executivo repete, com frequência, as alegações de supostas fraudes nas eleições, sem ter apresentado qualquer comprovação. “Contagem pública anual de votos é como abandonar o computador e regredir não à máquina de escrever, mas à caneta tinteiro.”/ W.G. e Pepita Ortega