O Estado de S. Paulo, n. 46709, 05/09/2021. Metrópole, p. A19

Anvisa veta 12 milhões de doses da Coronavac

 Priscila Mengue
João Ker


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou ontem a interdição cautelar de 25 lotes da Coronavac envasados em uma fábrica chinesa não inspecionada pelo órgão federal. A distribuição e a aplicação de cerca de 12, 1 milhões de doses destes lotes estão proibidas por até 90 dias, enquanto as demais seguem com uso liberado. Outra remessa de 9 milhões de doses feitas na mesma planta está sendo enviada ao Brasil. O Instituto Butantan diz que a medida "não deve causar alarmismo" e reforça que o produto é seguro.

Em nota, a Anvisa disse ter sido informada pelo Butantan na sexta-feira. As doses foram envasadas (em frascos com uma e duas doses) em uma fábrica do laboratório Sinovac (desenvolvedor da vacina) na China que não foi inspecionada e liberada para uso emergencial no Brasil.

O Ministério da Saúde não detalhou quantas pessoas tomaram imunizantes desses lotes nem como será o monitoramento. Já o governo paulista diz ter aplicado cerca de 4 milhões de doses relacionadas a esses lotes, sem registrar problemas e afirma ter convicção da segurança do produto. O Estado aguarda parecer das autoridades para definir a distribuição de 1,5 milhão de doses entregues anteontem. Mas não esclareceu se isso muda o calendário de vacinação e aplicação da 3ª dose em idosos, que começa na segunda.

A Bahia disse ter recebido três dos 25 lotes suspensos. Cerca de 234 mil doses haviam sido enviadas a 294 cidades, que segundo o governo foram orientadas a suspender a aplicação. "As pessoas imunizadas com estes lotes devem aguardar orientação" federal, afirmou. Em comunicado, o Rio afirmou ter recebido só um dos lotes, cuja distribuição estava em curso.

A agência disse que "trabalhará na avaliação das condições de boas práticas" da fábrica e no potencial impacto da alteração de local "nos requisitos de qualidade, segurança e eficácia, e do "eventual impacto" para os vacinados. Ao jornal O Globo, o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, afirmou não ter razão para pânico. "A população não deve entender esse ato como nada além de cautela", disse ele, sem descartar o envio de fiscais à China para uma inspeção.

Documentos. Em nota, o Butantan disse ter enviado à Anvisa toda a documentação necessária. "A vacina do Butantan é o imunizante mais seguro à disposição do Programa Nacional de Imunizações, por causa da sua plataforma de vírus inativado." Informou ainda que os lotes estão de posse do ministério e convidou a Anvisa para conhecer as instalações da Sinovac.