O Estado de São Paulo, n. 46691, 18/08/2021. Metrópole p.A19

 

Máscara continuará obrigatória em SP

 

Doria admitiu que novas flexibilizações serão anunciadas, mas circulação da variante Delta da covid-19 exigirá manutenção de cuidados

Priscila Mengue

João Ker

 

O governador João Doria (PSDB) declarou ontem que o uso de máscara facial continuará obrigatório no Estado de São Paulo ao menos até o fim deste ano. Ele admitiu que novas flexibilizações serão anunciadas para os próximos meses, chegando a uma quase “normalidade”, mas que a circulação da variante Delta do vírus da covid-19 exige que cuidados sejam mantidos durante a pandemia.

“O uso de máscara será continuamente obrigatório até o final deste ano, mesmo a partir de novembro, quando entraremos em uma nova fase de flexibilização”, afirmou Doria. “Dado a variante Delta, os cuidados e os zelos, as máscaras ainda farão parte da nossa indumentária por um tempinho maior. Mas já com a normalidade, com a capacidade de estarmos mais próximos, com alegria, frequentando restaurantes, bares e, a partir de novembro, eventos, o futebol, o circo…”

O governador também confirmou que anunciará nesta quarta-feira os integrantes do novo comitê de especialistas que orientarão as medidas de contenção ao novo coronavírus. O grupo terá sete integrantes e substituirá o Centro de Contingência Contra a Covid-19, hoje com 21 membros, todos voluntários e não remunerados. “Não há mais necessidade de estrutura com tamanho tão expressivo, mas há necessidade sim de cientistas e de um grupo.”

Ele destacou que os sete nomes já integram o centro de contingência. A coordenação seguirá com os médicos Paulo Menezes e João Gabbardo. Segundo a Coluna do Estadão, os demais integrantes serão: David Uip, José Medina, Geraldo Reple, Carlos Carvalho e Luiz Carlos Pereira Junior.

Nesta terça-feira, São Paulo também passou a ter novas flexibilizações, com o fim da restrição de horário de funcionamento e de ocupação máxima para comércios e serviços em geral, como bares, restaurantes, shoppings e outros. A realização de festas em casas noturnas, a apresentação shows de médio e grande porte e a presença de torcida em jogos de futebol ficam suspensas até novembro.

 

Crítica. A Sociedade Paulista de Infectologia disse ver “com extrema preocupação” as novas medidas de flexibilização da quarentena em São Paulo. A entidade, que reúne mais de 900 profissionais associados, alertou que a chamada “retomada segura” proposta pela administração João Doria pode gerar “uma nova onda” da covid-19 no Estado, especialmente pela circulação da variante Delta.

“Compreendemos as necessidades econômicas e sociais de nossa população, manifestamos nossa contínua solidariedade àqueles que tiveram suas vidas e seus empregos destroçados pela pandemia. No entanto, entendemos que a abertura deveria ser mais gradual e lenta, face aos riscos representados pela variante Delta do novo coronavírus”, diz a nota.

“Países com altas taxas vacinais, como Israel e os Estados Unidos, têm passado por aumento de casos e de mortes, embora essas últimas se mostrem menos frequentes em pessoas vacinadas. O que dizer do Brasil, onde a população adulta vacinada ainda é inferior ao desejável?”, continua o texto publicado pela entidade, que questiona também os índices de cobertura vacinal no Estado.

Em São Paulo, menos de 30% da população total já está com a imunização completa (duas doses ou vacinas de aplicação única). “Na verdade, mesmo a vacinação completa oferece proteção um pouco menor contra essa variante, quando comparada às demais cepas do coronavírus”, alerta a sociedade, reiterando a necessidade de medidas sanitárias como o uso de máscaras, evitar aglomerações, higiene das mãos com álcool em gel etc.

O Estado de São Paulo registrou até ontem 4.179.148 casos de covid-19 durante toda a pandemia e 143.135 óbitos. Entre o total de casos, conforma s informações oficiais do governo do Estado, 3.905.343 tiveram a doença e já estão recuperados – 435.798 foram internados e receberam alta hospitalar. Há 8.310 pacientes ainda internados em todo o território, sendo 4.258 em Unidades de Terapia Intensiva e 4.052 em enfermaria.