Correio Braziliense, n. 21550, 18/03/2022. Política, p. 5

Batalha dos vetos no Congresso

Deborah Hana Cardoso
Taísa Medeiros


Não foi desta vez que os vetos do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Projeto de Lei Orçamentária para 2022 foram derrubados. Devido à falta de acordo entre as bancadas, continua vigendo o corte de R$ 3,2 bilhões, que inclui R$ 1,4 bilhão em emendas aprovadas por comissões parlamentares, além de R$ 988 milhões do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

A situação já estava complicada de manhã, na sessão da Comissão Mista de Orçamento (CMO), que adiou, também, a apreciação do PLN 01/22 — que trata das despesas para pagamento da folha de servidores federais ativos e militares. Devido a uma mensagem encaminhada pelo Palácio do Planalto, o que dificultou ainda mais o fechamento de um acordo, a presidente da CMO, senadora Rose de Freitas (MDB-ES), decidiu suspender os trabalhos.

“É preciso que haja uma reunião de líderes, coordenadores e parlamentares para que possamos coordenar esforços para promover o debate e a votação”, propôs. A expectativa é de que o projeto orçamentário para este ano seja votado na próxima reunião da CMO, dia 22, e consiga ir ao Plenário.

Mas esse não foi o único adiamento do dia. Também ficou para depois a análise do veto que autoriza que 1% das ações da Eletrobrás seja vendido a funcionários demitidos, depois da desestatização aprovada no ano passado. Para o Ministério da Economia, caso essa transação seja permitida, poderia distorcer o processo de precificação das novas ações da estatal.

Na sessão conjunta do Congresso, foram analisados 31 vetos presidenciais e 14 tiveram a votação adiada por falta de acordo entre as bancadas. Mas um dos que foram derrubados foi o do projeto que contempla o setor de eventos. O autor da proposta, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), explicou que a decisão do Legislativo foi uma questão de justiça — entre as propostas, isenta esse ramo da economia de impostos por cinco anos.

“É o primeiro projeto para o setor de eventos, que foi duramente punido. Foi o primeiro a parar e o último a voltar. Será um combustível para que o ramo tente se recuperar os prejuízos”, explicou o parlamentar.

Conta do Fundeb

O Congresso também derrubou o veto presidencial que impedia que estados e municípios de usar outra conta, que não a específica para movimentação dos recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), para pagar salários aos professores com o dinheiro do fundo.

Outro veto derrubado foi o que acabava com a taxa de fiscalização dos cobrada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) dos ônibus interestaduais e internacionais — as empresas têm de pagar, anualmente, R$ 1,8 mil por cada veículo registrado na entidade reguladora. Os parlamentares acreditam que, assim, o preço das passagens terá condições de cair, apesar do recente aumento do diesel anunciado pela Petrobras.

Os parlamentares também derrubaram o impedimento de se estender os prazos de validade de concursos públicos homologados antes da pandemia — a ideia é não prejudicar os candidatos aprovados antes da crise sanitária.