Correio Braziliense, n. 21550, 18/03/2022. Política, p. 4

Troca no setor da PF que investiga os Bolsonaro

Victor Correia


O novo diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira, trocou, ontem, o responsável pela  Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor). O setor é considerado um dos mais importantes da corporação, pois investiga parlamentares e autoridades com foro privilegiado. Luis Flávio Zampronha, no cargo desde abril do ano passado, dá lugar a Caio Rodrigo Pellim, conforme publicação no Diário Oficial da União.

A Dicor conduz investigações que envolvem o presidente Jair Bolsonaro (PL) e dois dos seus filhos, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Entre os inquéritos estão o das fake news e o que apura suposta interferência do chefe do Executivo no comando da corporação para proteger familiares e aliados — conforme denúncia do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. O último tinha encerramento marcado para 27 de janeiro, mas foi prorrogado por 90 dias pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Antes de assumir a Dicor, Pellim atuava como superintendente da PF no Ceará e já exerceu a mesma função em Rondônia e no Rio Grande do Norte.

O anúncio ocorreu menos de um mês depois da nomeação de Márcio Nunes de Oliveira para comandar a instituição — o quarto a assumir o cargo na gestão Bolsonaro, após Maurício Valeixo, Rolando de Souza e Paulo Maiurino. Nunes Oliveira é amigo do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.

Quando Nunes Oliveira foi nomeado, entidades representantes da corporação expressaram preocupação com as constantes mudanças na cúpula. Para elas, as sucessivas trocas provocam “consequências administrativas e de gestão, que podem prejudicar a celeridade e a continuidade do trabalho de excelência apresentado pela PF”.

No DOU também foi publicada a mudança na Diretoria de Gestão de Pessoal da PF. O delegado Oswaldo Paiva da Costa Gomide foi trocado pela delegada Mariana Paranhos Calderon.

Mensalão e Spoofing

O delegado Luis Flávio Zampronha de Oliveira ficou conhecido por liderar as apurações do Mensalão do PT e voltou ao centro da cena política ao conduzir a Operação Spoofing, aberta em 2019 para investigar hackers que acessaram mensagens do ex-juiz Sergio Moro, procuradores da Operação Lava-Jato e outras autoridades.