Correio Braziliense, n. 21549, 17/03/2022. Economia, p. 7

Passagem cara é culpa da guerra

Deborah Hana Cardoso
Maria Eduarda Angeli*


A vontade de viajar impulsionada pela flexibilização das restrições sanitárias terá de esperar. Apesar da isenção de impostos sobre o querosene de aviação, aprovada pelo Congresso pelo Projeto de Lei Complementar (PLP) 11/20, na última semana, os preços das passagens aéreas continuarão caras. Para piorar, as empresas do setor devem diminuir a quantidade de voos disponíveis.

Segundo as principais companhias, tudo é efeito da invasão russa da Ucrânia. Segundo as empresas, o impacto do conflito sobre o preço do petróleo — e, por consequência, dos combustíveis — não permitiu a redução nas tarifas.

Segundo a Latam, o reajuste estimado no preço das passagens é de até 30%. A companhia reconhece que “diante da imposição desse novo cenário de crise sem precedência e previsibilidade, afetará o aumento no preço das passagens”.

Sobre a redução do número de decolagens, a Latam salienta que a operação de voos para novos destinos, previstos para os primeiros seis meses de 2022, tiveram seu lançamento postergado em razão da alta dos combustíveis.

Já a Azul explicou que o conflito no Leste Europeu resultou em “um aumento exponencial do valor de várias commodities, em especial do barril de petróleo, que já vinha sofrendo consecutivas altas em função da pandemia da covid-19, pressionando muito o valor do QAV (querosene de aviação)”. Sobre a redução de voos, a empresa admite que a continuidade da guerra pode adiar uma retomada mais vigorosa da oferta.

A Gol, por sua vez, também atribuiu as passagens caras ao conflito russo-ucraniano, que elevou o preço internacional do petróleo. “As cotações atuais, as maiores desde 2008, impactam os custos das operações de todas as companhias aéreas, que têm justamente no preço do QAV (querosene de aviação), a variável que mais interfere nos preços de passagens”.

Segundo a aérea, o “QAV vem sofrendo constantes altas nos últimos três anos e, neste momento, representa cerca de 50% dos custos de um voo, percentual bem acima da média histórica”. E alertou: “Diante desde cenário, é inevitável o aumento dos valores das passagens”.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi