Correio Braziliense, n. 21542, 10/03/2022. Economia, p. 6

Barril de petróleo cai 13,1%

Fernanda Strickland
Rosana Hessel



Os contratos futuros do petróleo fecharam a sessão de ontem com forte queda, com os investidores demonstrando um certo alívio depois que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sinalizar que poderia abrir mão de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A expectativa de um cessar-fogo e o aumento da oferta do produto também ajudou para esse tombo nos preços do barril. Ontem, membros da Agência Internacional de Energia liberaram 62,7 milhões de barris de maneira emergencial de seus estoques.

O barril do petróleo tipo Brent, negociado em Londres e utilizado como referência da Petrobras, para entrega em maio, recuou 13,16%, ontem, e encerrou o pregão cotado a US$ 111,14.

Nas bolsas internacionais, os investidores buscaram ativos de risco, em busca de ativos baratos e juros elevados, como o Brasil, ajudando o dólar a ensaiar um patamar abaixo de R$ 5. O Ìndice Bovespa (Ibovespa), principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), fechou o dia com alta de 2,43%, a 113,9 mil pontos.

Com a sinalização de Zelenski de que estaria preparado para fazer concessões em favor de uma trégua, as principais bolsas da Europa fecharam com altas mais robustas. O índice Stoxx 600, por exemplo, subiu 4,68%. A bolsa de Londres fechou em alta de 3,25%. Já a bolsa de Frankfurt, na Alemanha, disparou 7,92%. Paris avançou 7,13%.

Há um consenso de que o endurecimento das sanções à Rússia contribuiu para melhorar as expectativas de um cessar-fogo, já que a economia russa é muito mais dependente das exportações de commodities e precisa delas para importar. Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante, pontuou que a queda do petróleo ocorreu devido à expectativa do mercado para alguma saída diplomática entre Rússia e Ucrânia. Mas considerou que a reaproximação dos EUA com a Venezuela não teve tanto impacto no mercado ontem.

A economista e consultora financeira autônoma Catharina avalia que a forte oscilação dos mercados, nos últimos dias, deve pressionar os preços globais. "A população global passa por um processo de busca por recuperação de sua produção pré-pandemia, e, com o atual choque de oferta de commodities, há uma perspectiva de uma inflação mais dolorida, pois o petróleo afeta toda a cadeia produtiva", destacou.

"Quando há uma alta assim nessa commodity, impacta no preço dos alimentos, da produção interna e, como consequência, na inflação sentida no bolso de pequenos consumidores e empresas", acrescentou. (FS e RH)