O Estado de S. Paulo, n. 46651, 09/07/2021. Economia & Negócios, p. B2

Menos incertezas para o comércio e os consumidores



O horizonte parece desanuviar-se. Empresários do comércio e consumidores veem menos incertezas no cenário econômico, avaliação essencial para a definição do planejamento dos gastos familiares, dos investimentos e da utilização dos créditos oferecidos pelas instituições financeiras. É este o quadro que se pode desenhar a partir de pesquisas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) sobre a situação das dívidas das famílias e sobre sua intenção de consumo.

Como fatores para a melhora, o estudo aponta o retorno gradual da normalidade ao mundo dos negócios e o avanço da vacinação. Nos últimos meses, de fato, observa-se uma certa correlação entre os gráficos de evolução da pandemia e do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) aferido pela FecomercioSP.

Ao recrudescimento da pandemia entre janeiro e abril, com o aumento do número de contaminados e de mortes pela covid-19, correspondeu uma queda acentuada no ICC, de 116,1 pontos em janeiro para 105,0 pontos em abril. Desde então, com o avanço da vacinação e a indicação de um quadro menos crítico na disponibilidade de leitos hospitalares para pacientes do novo coronavírus, a confiança voltou a subir, alcançando 107,3 pontos em junho. Em relação a junho do ano passado, a alta é de 6,9 pontos.

O componente do ICC que mais evoluiu em junho foi o que mede a perspectiva de consumo. Esse componente reflete os planos do consumidor de ir às compras em breve. Teve alta de 11% entre maio e junho e de 38,9% sobre junho de 2020.

Outro indicador que pode estar mostrando mais confiança é o nível de endividamento na cidade de São Paulo. Sua alta pode tanto indicar maiores dificuldades financeiras das famílias como maior disposição de consumir, para isso assumindo compromissos futuros. É esta última a interpretação da Fecomercio.

"O crescimento do endividamento pode apontar para um aquecimento da economia na cidade, no qual as famílias estão obtendo crédito para consumir e manter outras contas em dia", diz a entidade, ao comentar a alta de 63,8% para 64,6% entre maio e junho das famílias com dívida. A flexibilização das restrições à circulação na cidade, consequência da melhora do quadro sanitário, pode ter estimulado esse aumento.