O Estado de S. Paulo, n. 46650, 08/07/2021. Economia, p. B3

'Inflação da saúde' dispara para os mais de 60 anos

Fabrício de Castro


A pandemia de covid-19 fez o custo com serviços de saúde disparar, em especial entre a população com mais de 60 anos. Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostram que, nos 12 meses até junho deste ano, a "inflação da saúde" para essa faixa etária foi de 9,13%. Um ano antes, nos 12 meses até junho de 2020, o índice acumulado era de 4,94%.

A variação desse item faz parte da composição do Índice de Preços ao Consumidor – 60+ (IPC-60+), novo indicador, lançado pela Fipe ontem, que busca medir a inflação entre a população com mais de 60 anos. O índice é calculado com base em famílias que estão na cidade de São Paulo, possuem renda familiar entre 1 e 10 salários mínimos (entre R$ 1,1 mil e R$ 11 mil) e contam com integrantes com mais de 60 anos.

Considerando o índice cheio – que leva em consideração não apenas os preços de saúde, mas também habitação, alimentação, transportes, despesas pessoais, vestuário e educação –, o IPC-60+ acumulou alta de 8,69% nos 12 meses até junho deste ano, ante uma elevação de 3,10% nos 12 meses até junho do ano passado.

O economista Guilherme Moreira, coordenador do IPC da Fipe, afirma que a pandemia de covid-19 impulsionou os preços ligados à área de saúde, principalmente no primeiro semestre de 2021. Um dos motivos é que o reajuste dos planos de saúde de 2020 foi adiado para 2021, sendo que a atualização, quando chegou ao bolso da população, foi retroativa. "Os remédios subiram em abril numa média autorizada de até 10%. E os planos de saúde, que não haviam subido em 2020, aumentaram em 2021", pontuou.

Os dados da Fipe mostram que, para as pessoas com mais de 60 anos que moram em São Paulo, a inflação ligada à área de saúde foi de 7,04% no primeiro semestre de 2021. Somente os planos de saúde ficaram 8,32% mais caros no período, enquanto os remédios subiram 6,03%.

O impacto mais forte é justificado pelo peso que planos de saúde e remédios têm no orçamento das pessoas com mais de 60 anos. Enquanto o grupo de saúde tem peso de 16,29% no IPC-60+, ele representa apenas 6,09% da composição do IPC – o índice de preços mais geral da Fipe, que considera pessoas de todas as idades.