O Estado de S. Paulo, n. 46650, 08/07/2021. Metrópole, p. A20

Com Delta, SP avalia adiantar a 2ª dose

Júlia Marques
Paula Felix


O governo de São Paulo afirmou ontem que a variante Delta, originária da Índia, circula no Estado. De rápida disseminação, essa mutação já pressiona o governo paulista a reavaliar o intervalo adotado de três meses entre as doses de vacinas da Pfizer e da Astrazeneca. No Brasil, esses imunizantes apresentam intervalo de três meses entre as doses. Já a Coronavac é aplicada com 28 dias entre uma dose e outra.

“Temos uma variante (Delta) que já é autóctone, ou seja, ela já está circulando no nosso meio, em pessoas que não tiveram histórico de viagens ou que tiveram contato com alguém que esteve, por exemplo, na Índia, e, dessa forma, temos de ter uma atenção especial”, disse o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, falando da transmissão comunitária.

“Essa variante Delta é uma preocupação. É a que a penetrou o maior número de países e surpreendeu Israel e Reino Unido, onde já está presente em porcentuais elevados”, disse o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. “A possibilidade de antecipação da segunda dose deve ser considerada, sim, porque embora as vacinas possam não responder bem à variante Delta de forma geral, o fato de ter a imunidade completa ajuda substancialmente. Por isso muitos consideram a alteração do calendário.” Ele afirmou, ainda, que a Coronavac mostrou boa proteção contra a variante Delta em estudo em laboratório. Mas ainda faltam dados populacionais.

Especialistas do Centro de Contingência Contra a Covid19 do Estado de São Paulo devem se reunir nesta quinta-feira para debater a redução do intervalo entre as doses. “Neste momento, talvez seja mais interessante ter mais gente vacinada com primeira dose do que antecipar a segunda dose para alguém”, disse o coordenador executivo João Gabbardo. “Não existe mágica: se antecipar de 90 para 60 dias a segunda dose para algumas pessoas, isso significa atrasar a primeira dose de uma parte da população.”

Capital. A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo informou que monitora 31 pessoas que tiveram contato com a família do homem de 45 anos diagnosticado com a variante Delta. Amostras da mulher dele, que também apresentou sintomas da doença, serão analisadas pelo Instituto Butantan. Não será possível fazer o mesmo rastreamento com o enteado e o filho do casal, pois o prazo para o sequenciamento já expirou.