O Globo, n. 32756, 13/04/2023. Saúde, p. 24

Ministra da Saúde defende equidade de gênero no SUS

Karolini Bandeira


A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou ter como prioridade a promoção da equidade de gênero e raça no Sistema Único de Saúde (SUS), mas as ações da política continuam vagas. Trindade apresentou o projeto de equidade em audiência na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados realizada ontem.

A ministra falou sobre o Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Valorização das Trabalhadoras no SUS, assinado pelo presidente Lula em cerimônia de 8 de março.

A portaria tem como um dos objetivos gerais “modificar as estruturas machista e racista que operam na divisão do trabalho na saúde” e “enfrentar as diversas formas de violências relacionadas ao trabalho na saúde”.

As ações para alcançar os objetivos, no entanto, são explicadas de forma vaga na publicação e ainda não foram detalhadas pela pasta.

— ( A portaria) é um conjunto de ações que visam um ambiente de trabalho saudável. São objetivos do programa promover a equidade de gênero e raça no SUS, visando modificar estrutura racista no trabalho, além de acolher as trabalhadoras da saúde no processo de maternagem —afirmou Nísia aos parlamentares.

Como principais iniciativas, o governo prevê a inclusão do tema equidade no âmbito Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde —PET-Saúde; uma oferta virtual de módulos educativos do programa; e um aplicativo do Programa Equidade para os estados e municípios.

Além disso, o ministério se compromete a “estimular a construção de políticas públicas e propostas de trabalho protegido, digno e seguro, considerando as desigualdades de gênero e raça” e “adotar linguagem que promova equidade, evitando termos machistas e patriarcais”.

— Enquanto não combatermos o racismo e o machismo, não teremos democracia no nosso país — afirmou a ministra.

Um dos pontos do programa é fortalecer a saúde mental das trabalhadoras do SUS, sobrecarregadas durante a pandemia da Covid-19. Segundo o ministério, o gênero feminino representa 74% da força total do sistema, e ocupa majoritariamente o cargo de enfermagem.

Trindade afirmou aos parlamentares que o governo trabalha para estimular o acolhimento de trabalhadoras que vivenciem situação de violência doméstica e promover práticas para minimizar estresses provenientes do trabalho.

—Temos de compreender como os determinantes sociais afetam a saúde e, particularmente, as meninas e mulheres, para que, juntas, possamos mudar esse cenário —declarou a ministra.