Correio Braziliense, n. 21502, 29/01/2022. Brasil, p. 6

Autoexame já faz parte da política de testagem

Maria Eduarda Cardim


A política de testagem contra o novo coronavírus no Brasil ganhou um reforço, ontem, com a incorporação do autoteste de antígeno de covid-19 pelo Ministério da Saúde. A medida foi implementada pela pasta depois que a venda do dispositivo foi autorizada, por unanimidade, pela diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O exame poderá ser vendido em farmácia ou estabelecimentos de saúde licenciados. Mas nenhum autoteste tem registro junto à Anvisa para ser comercializado imediatamente.

A venda do exame, que pode ser feito pela própria pessoa que o comprou, foi aprovada por unanimidade pela agência reguladora. A diretora-relatora Cristiane Jourdan levou em consideração o exponencial aumento do número de casos provocados pela variante ômicron para votar a favor do autoteste. O voto favorável foi acompanhado pelos diretores Rômison Rodrigues, Alex Machado Campos e Meiruze Freitas. O diretor-presidente Antonio Barra Torres não participou do debate.

Horas depois, o Ministério da Saúde anunciava a incorporação do autoteste no Plano Nacional de Expansão da Testagem (PNE-Teste) e indicou que o exame servirá como estratégia de triagem. O objetivo é ampliar oportunidades de testagem de indivíduos sintomáticos e assintomáticos, realizar o isolamento precoce e interromper a cadeia de transmissão da ômicron.

O público-alvo do autoteste é qualquer pessoa, sintomática ou não, independentemente do estado vacinal, que tenha interesse em realizar a autotestagem. A Anvisa recomenda que o exame seja feito no período do 1º ao 7º dia do início dos sintomas, no caso de presença de alguma das características da covid-19. Em casos de alguém sem traços da doença, mas que teve proximidade com um infectado, recomenda-se que o autoexame seja feito a partir do 5º dia do contato.

A Anvisa reforçou que o autoteste não deve ser utilizado em caso de sintomas graves, como falta de ar (veja quadro acima). A partir do resultado positivo, o ministério recomenda que a pessoa procure uma unidade de saúde para ser avaliada por profissionais capacitados, que devem confirmar o diagnóstico e realizar a notificação do caso nos sistemas oficiais.

Fiscalização

Para fiscalizar a venda do autoteste, a Anvisa informou que utilizará uma ferramenta de busca ativa na internet.  “Adquirimos uma ferramenta que faz a busca ativa na internet de produtos irregulares sendo comercializados. Semana que vem, começamos a rodá-la”, adiantou a gerente-geral de Fiscalização e Inspeção Sanitária, Ana Carolina Marino.

O autoteste também será vendido on-line, mas apenas em sites de farmácias e de estabelecimentos de saúde licenciados. “Com essa ferramenta, coibiremos o uso de produtos sem registro, um risco para a população”, alertou Ana Carolina.

Com a autorização, segundo ela “as empresas habilitadas legalmente que desejarem colocar esses dispositivos à venda terão que registrar o produto na Anvisa” — que analisará os pedidos com prioridade.