O Estado de S. Paulo, n. 46642, 30/06/2021. Economia, p. B7

Contas do governo central voltam a fechar com déficit

 Idiana Tomazelli
Fabrícia De Castro


Após dois meses no azul, as contas do governo central (que reúnem Tesouro Nacional, INSS e Banco Central) tiveram um rombo de R$ 20,95 bilhões em maio. O resultado indica que o governo gastou mais do que arrecadou no período.

Apesar disso, o resultado no ano ainda é positivo em R$ 19,9 bilhões, o melhor desempenho para o período desde 2013. O superávit nos primeiros cinco meses do ano vem na esteira da melhora da arrecadação, da redução de gastos extras para combater a covid-19 e ainda do atraso na votação do Orçamento deste ano – o que forçou uma contenção de despesas.

O secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, afirmou que, sem considerar o rombo na Previdência, a economia de recursos feita pelo governo é de R$ 123,22 bilhões no ano, o segundo maior valor da história, abaixo apenas do observado em igual período de 2008 (R$ 142,3 bilhões).

Apesar do cenário fiscal mais benigno, Bittencourt ressaltou que, para 2022, as demandas do Executivo e do Legislativo terão de "casar" diante das limitações impostas pelo teto de gastos – a regra que limita o avanço das despesas à inflação. Por enquanto, o Tesouro estima que a folga será de R$ 25 bilhões, mas o secretário reconheceu que é importante fazer uma "discussão qualificada" sobre o impacto de diferentes variáveis nesse espaço. "É importante uma discussão qualificada sobre o impacto de variáveis em potencial no teto", disse Bittencourt.

Ele não respondeu diretamente se um espaço menor dentro do teto em 2022, ano eleitoral, colocaria em risco os planos do presidente Jair Bolsonaro de turbinar as políticas sociais do governo. Mas ressaltou que qualquer despesa nova ou que já exista vai "rivalizar" com outras dentro do espaço disponível. /  Idiana Tomazelli e Fabrícia de Castro

'Casamento'

"No âmbito do Orçamento, as prioridades do Executivo e as demandas do Legislativo têm de casar na tramitação do processo orçamentário e fechar dentro do teto de gastos."

Jeferson Bittencourt

Secretário do Tesouro Nacional