O Estado de S. Paulo, n. 46641, 29/06/2021. Política, p. A6

Senadores vão ao STF e pedem investigação

Gustavo Côrtes
Matheus de Souza
Rayssa Motta
Weslley Galzo


Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) protocolaram ontem notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a abertura de inquérito para apurar se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de prevaricação ao não tomar providência em relação ao contrato para a compra da vacina indiana contra a covid-19 Covaxin pelo Ministério da Saúde.

"Tudo indica que o sr. Presidente da República, efetiva e deliberadamente, optou por não investigar o suposto esquema de corrupção", dizem os parlamentares no documento.

Ao STF, os senadores também pedem que o presidente seja intimado a responder, em até 48 horas, se foi comunicado sobre os indícios de irregularidades e que a Polícia Federal informe, no mesmo prazo, se abriu inquérito para investigar o caso.

'Graves suspeitas'. Também ontem a ministra do STF Rosa Weber negou pedido de suspensão da quebra de sigilos telefônico e telemático de Tulio Belchior, advogado da Precisa Medicamentos, que intermediou a compra da Covaxin. O pedido de abertura dos dados foi aprovado pela Covid. Segundo a ministra, há "graves suspeitas" de que a aquisição da vacina Covaxin possa ter sido realizada por meio de "negociações pouco transparentes".

Ainda ontem o presidente Jair Bolsonaro afirmou que desconhecia os detalhes do contrato. "São 22 ministérios, não tenho como saber o que acontece, vou na confiança em cima de ministros e nada fizemos de errado", disse a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. O presidente admitiu ter recebido a visita do deputado Luis Miranda, que disse ter avisado o presidente sobre as irregularidades, mas afirmou que "aqui vem tudo quanto é tipo de gente". "Não posso falar: 'Você é deputado, deixa eu ver tua ficha aí'", afirmou. "Inventaram a corrupção virtual, né? Não recebemos uma dose, não pagamos um centavo." / Gustavo Côrtes, Matheus De Souza, Rayssa Motta e Weslley Galzo