O Globo, n. 32776, 03/05/2023. Rio, p. 26

Inteligência artificial: a nova revolução industrial?

Carolina Nalin
Rafael Galdo


“A inteligência artificial (IA) é a próxima revolução industrial, a indústria 5.0, como alguns dizem, porque abrange todos os setores em todos os mercados”. A afirmação de Daniela Braga, fundadora e CEO da Defined.ai, marketplace de dados em treinamento, dá o tom dos debates que ocorreram ontem no Web Summit Rio.

O assunto dominou boa parte das discussões do dia. Gail Heiman, CEO da Weber Shandwick, por exemplo, fez um paralelo da IA com a invenção da imprensa, no século 15. Foram apontados os muitos benefícios desse caminho sem volta da tecnologia, mas também se alertou para riscos, como nos campos da ética e da privacidade.

— Quem controla tudo isso? Vai ser o governo, empresas ou uma rede descentralizada? E qual desses modelos é melhor? — questionou Ben Goertzel, fundador e CEO da SingularityNET.

Cientista-chefe de decisão do Google, Cassie Kozyrkov ressalvou que inteligência artificial não é um debate novo. A grande revolução em curso, disse ela, é a experiência que as pessoas têm com essa tecnologia atualmente. Nos últimos anos, a cientista lembrou que as discussões estariam focadas em questões empresariais.

Gigantes como Google e Netflix já utilizavam a IA em suas plataformas, mas sem que os usuários percebessem. Hoje, o indivíduo pode usá-la para solucionar seus próprios problemas.

— Agora, a escala sou eu — disse Cassie, sem esconder o entusiasmo com a forma como a IA pode proporcionar às pessoas mais rapidez na resolução de suas necessidades.

— É uma revolução para a produtividade das pessoas. Está tudo disponível — continuou, almejando que o próximo passo seja a resposta para questões da sociedade.

O Web Summit Rio tem apoio da Invest.Rio | Prefeitura do Rio de Janeiro e do Senac RJ que, junto do Sebrae, também apresentam a divulgação e cobertura do evento na Editora Globo, por meio do jornal O GLOBO, do Valor Econômico, da Época Negócios e da Rádio CBN.

APP monitora embriaguez

A aplicabilidade da inteligência artificial no dia a dia foi destaque no segundo dia do evento. Na publicidade, o uso mais eficaz da inteligência artificial será em data analytics, recurso utilizado para direcionar anúncios e campanhas, estima Neil Patel, fundador da NP Digital. Já a Ambev lançou o Flow Voice, um aplicativo que, pela voz do usuário, pode identificar se a pessoa está embriagada. Foi uma solução da empresa para ajudar ativamente os consumidores a beberem com moderação, explicou Carla Crippa, vice-presidente de Impacto Positivo e Relações Corporativas da marca.

— Imaginem uma parceria com empresas para que carros não deem a partida se identificado que a voz do motorista está alterada — disse Carla, vislumbrando futuras possibilidades da tecnologia.

Chelsea Manning, ativista e ex-militar norte-americana, no entanto, chamou a responsabilidade para os profissionais de tecnologia que treinam ferramentas baseadas em IA.

—Vivemos num ambiente que somos bombardeados por uma quantidade absurda de informações. Essas informações que estão alimentando os sistemas são verdadeiras? — questionou Chelsea.

— É uma questão sobre como nós estamos desenvolvendo essas tecnologias, quais dados usamos e como nós treinamos esses dados.